Baixo diagnóstico de hepatites preocupa no Amapá

O número irreal de notificações pode atrapalhar as ações de combate e prevenção
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Por IAGO FONSECA

As hepatites B e C são a segunda maior causa de morte entre doenças infecciosas. Hoje, no Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais, o Centro de Referência em Doenças Tropicais, no bairro Santa Rita em Macapá, decidiu oferecer o teste rápido e vacina até às 17h. A ideia é conscientizar a população e retomar os diagnósticos e estatísticas da doença no Estado.

Brenda Farias, de 31 anos, estudante de técnica em enfermagem foi fazer o teste rápido para as hepatites B e C. Para ela, o que dificulta a busca desses pacientes é muitas vezes a locomoção, mas em alguns casos as pessoas deixam para última hora.

“Hoje eu vim por conta da ação, mas a busca é sempre pela melhora da minha saúde e da minha família”, conta.

As doenças hepáticas são silenciosas e representam um problema grave de saúde pública, sendo mais infecciosas que o HIV. A hepatite B é evitável e possui apenas tratamento de controle. Já a variante C é curável com o tratamento adequado.

No Amapá, houve uma redução dos diagnósticos das hepatites virais desde 2020, quando iniciou a pandemia de covid-19. O diretor do Centro de Referência, Leonardo Nunes, revela que em 2019 foram diagnosticados 229 casos de hepatite no Estado. Até a metade de 2023, há somente 20 notificações. O número irreal sobre a doença pode atrapalhar no planejamento de ações. 

“Tentamos atrair a população para fazer essa testagem para ter um diagnóstico real. Para saber se caiu o número de pacientes com hepatite ou se esses pacientes não estão buscando diagnóstico”, explica.

Ação marca o fim do Julho Amarelo. Fotos: Iago Fonseca

Estudante de técnica em enfermagem, Brenda aproveitou a ação

Farmacêutica Isabele Costa: avaliações são necessárias para definir melhor tratamento com medicamentos

Após a ação, os testes rápidos serão realizados nas Unidades Básicas de Saúde. O CRDT acolherá os pacientes diagnosticados que forem encaminhados a partir das UBS.

O centro possui a única farmácia com o tratamento de hepatite no Amapá.

“Temos o serviço de atenção farmacêutica onde fazemos a consulta com o paciente. Quando é um tratamento de hepatite C, que é mais caro, fazemos a avaliação das interações entre medicamentos para que os pacientes não deixem de fazer o tratamento”, afirma a farmacêutica Isabele Costa.

Leonardo Nunes, diretor do CRDT: apenas 20 casos confirmados em 2023

Carteiras de vacinação foram atualizadas

Transmissão

Os vírus da hepatite B e C podem ser transmitido com qualquer procedimento que envolva sangue, como o contato com agulhas, alicates e outros itens de uso pessoal contaminados.

Por via sexual sem proteção, o risco de infecção de hepatite B é mais alto, mas a hepatite C também é frequente se houver lesões. Ambas as infecções podem ser transmitidas de mãe para o filho pelo parto ou aleitamento.

Julho Amarelo

Julho foi instituído como o mês luta contra as hepatites virais pelo governo federal. Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 240 milhões de pessoas são acometidas pelo vírus B. Outras 150 milhões de pessoas pelo vírus C.

No Brasil, as mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. A variante D tem menor frequência de infecção, mas é comum na região norte.

Seles Nafes
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