Por IAGO FONSECA
Com dois anos de idade, Mariah Júlia mostrou sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Com a suspeita, Marleide Oliveira, de 37 anos, se cadastrou para entrar na fila e aguardar para investigar o TEA. Neste sábado (1), Marleide levou sua filha para receber atendimento no projeto TEAtendemos, no Centro de Especialidades Municipal Dr. Papaléo Paes, no bairro São Lázaro, zona norte de Macapá.
A terceira edição iniciou neste sábado e amanhã (2), para famílias cadastradas na lista de espera. A iniciativa é da Secretaria Municipal de Macapa (Semsa).
Mãe de dois filhos, Marleide conta que percebeu as diferenças de Júlia quando ainda era bebezinha. Enquanto seu outro filho brincava, engatinhava e ficava no colo, Júlia negava interações e toque. “Demorei muito pra me adequar a uma alimentação que ela pode comer, ela gosta de biscoitos, mas não come sólidos, então tenho que sempre amassar os alimentos”, diz Marleide.
Foi por meio de vídeos e pesquisas que Marleide procurou entender sua filha e quando soube que poderia conseguir um laudo para TEA buscou atendimento.
“Preciso entender minha filha. Eu quero saber, ter a certeza do grau que ela tem. Se você não sabe, não tem como lidar, preciso saber para pesquisar e correr atrás do que fazer”, avalia.
O TEAtendemos contará com mais dois mutirões de atendimentos, em agosto e setembro. Nas edições anteriores, o projeto realizou cerca de 1.360 atendimentos médicos, como neuropediatra, psiquiatra, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogo, psicólogo e exames de diagnóstico.
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Marleide começou a perceber sinais de autismo. Fotos: Iago Fonseca/SN
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Pais que foram chamados por telefone
Luana Nunes, diretora do Departamento de Saúde Mental, conta que durante a ação estima-se que 70% das pessoas cadastradas na fila de espera serão atendidas.
“Zeramos a fila de 2019, estamos em 2020 e 2021, tentando chegar em 2022. Há um quantitativo bem expressivo de crianças que aguardam a emissão do laudo”, revela.
“Fui na UBS do São Pedro, no Céu Azul, há dois meses. Lá, meu filho já passou com o fono, nutricionista e psicóloga. Na segunda-feira me ligaram pra eu vir e fazer o neuro”, conta Alexandra Leal, 32, que também é mãe e aguardava na fila.
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Filho de Alexandra já passou por vários especialistas para chegar ao diagnóstico
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Luana: fila de 2019 foi zerada. Agora o foco é nas filas de 2020 e 2021
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Mutirão termina amanhã no Centro Papaléo Paes
A inscrição para entrar na fila de espera é realizada somente no Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) e no Centro Especializado em Reabilitação (CER).
Para cadastrar, o familiar deve levar RG, CPF, comprovante de residência e número de contato atualizado.
A chamada da lista é feita somente por ligação telefônica. As unidades funcionam de segunda a sexta-feira em horário comercial, das 8h às 12h e das 14h às 18h.