Com 617 membros, família quilombola volta a celebrar a vida após a pandemia

Os Caiana e Auta Ramos tiveram perdas na pandemia, mas cresceram em número e entusiasmo para enaltecer o amor
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Por SELES NAFES

Foi em 2019 a última vez que a família Caiana e Auta Ramos tinha se reunido para a tradicional domingueira anual, dia em que celebram a vida num grande encontro de panelas e de talentos musicais. Sem festa durante dois anos por causa da pandemia de covid-19, eles retomaram a tradição no último domingo (6), na comunidade do Quilombo do Mel, a 30 km de Macapá. Apesar das perdas para a covid-19, eles felizes e bem mais numerosos.

O Quilombo do Mel é habitado pela família Caiana Auta Ramos desde os anos 1950, quando chegaram os primeiros moradores originários de comunidades vizinhas remanescentes de quilombo.   

Há mais de uma década, um dos três patriarcas vivos, o “Tio Souza”, de 72 anos, decidiu que a família estava dispersa e era preciso reunir todos num grande almoço. Mas a festa não é só comilança.

A programação especial sempre começa com a palavra dos patriarcas, momento em que eles falam da origem da família e da matriaca Augusta Auta Ramos, que faleceu em 2007 aos 95 anos, e que neste dia 6 completaria 113 anos.  

“Como tem muitas crianças, este é um momento muito educativo, onde os patriarcas falam da ancestralidade, da nossa história. Falamos da vovó, colocamos um banner com a foto dela. Era a mãe de todos nós. Foi a partir dela que tudo começou”, explica a professora Estefânia Cabral, que faz parte da coordenação da festa.

Público assiste às apresentações

Núcleo Souza

Núcleo Dicó

Núcleo Cardozo

Núcleo Antônia Ramos

Núcleo Minerva Ramos

Núcleo Cirilo

Núcleo Alexandre Ramos

Além de Tio Souza, os outros dois patriarcas são Alexandre, de 77 anos, e Cirilo, de 70 anos. Depois da tradição oral, é o momento da contagem de cada um dos oito núcleos familiares. Os nomes de todos os membros, incluindo os que nasceram recentemente, são lidos em voz alta. Em 2019, a contagem totalizou 518 membros. Neste domingo foram contados 617 nomes.

Apesar das perdas na pandemia, a família cresceu consideravelmente.

“Nós fizemos um minuto de silêncio em homenagem aos que perderam as vidas, sem citar nomes. A gente não queria jogar o clima para baixo”, ressalta a coordenadora.

Dos oito núcleos, apenas o de José Ramos não compareceu neste ano.

Estefânia (coordenadora geral do encontro) com os patriarcas

Encontro de panelas…

…celebra união

Núcleos misturados

No palco onde os nomes foram lidos, os que possuem talentos musicais fizeram apresentações durante o dia inteiro. Entre os membros da família está o cantor e compositor Zé Miguel, que também se apresentou.

Um dos pontos altos foi o Hino do Quilombo, cantado pelo grupo Asafes do Rei. No vídeo acima, é possível ver como foi o encontro em 2019.

Depois do grande almoço, foi a vez das atividades esportivas e de lazer, com direito a torneio de vôlei e jogos de tabuleiro. Foi mais um domingo feliz, depois de dois anos.

Seles Nafes
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