Das perdas da vida aos títulos mundiais: as lutas do amapaense Ademir Barreto

Medalha de ouro em mundial de Jiu-Jitsu, atleta chegou a morar em quarto de academia no RJ.
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Por CAROLINA MACHADO

Em uma rápida visita à terra natal, o amapaense Ademir Barreto, campeão mundial de Jiu-Jitsu, voltou a Macapá para matar a saudade da família e amigos.

O atleta, que residia no Rio de Janeiro (RJ) por conta dos treinamentos, está de malas prontas para os Estados Unidos (EUA). Ele vai a morar no país norte-americano após aceitar a proposta para treitar com supercampeões e dar aulas em busca de novos talentos em Orlando, no Estado da Flórida.

Ademir está em visita a capital amapaense após 2 anos sem ver a família. Ao lado do treinador Orlando Barreto, o amapaense conversou com o Portal SelesNafes.com e contou um pouco da sua história de perseverança e superação.

Ele relatou as dificuldades enfrentadas até ser campeão em grandes competições como o mundial World Professional, ocorrido nos Emirados Árabes em 2021, e o Grand Slam Abu Dhabi, no Rio de Janeiro, em 2020. Além desses títulos, ele também foi vice-campeão no Grand Slam Londres, em 2022.

Em tatames internacionais. Foto: Divulgação/Instagram

A perda do pai

O começo foi muito difícil. O primeiro grande desafio de Ademir foi ainda criança, quando teve que conciliar os treinos com a responsabilidade de cuidar do pai, seu Aldonizedeque de Araújo, que era cadeirante. Depois de muitas dificuldades diárias, ele ainda enfrentou a perda do pai.

“Eu tinha que cuidar do meu pai. Todos os dias eu ajudava a cuidar dele, a dar banho nele e a auxiliá-lo em suas necessidades. Foi uma das fases mais difíceis da minha vida, mas não tenho nada a reclamar e só agradecer a Deus. Após isso, meu pai acabou falecendo e coloquei na cabeça que eu iria correr atrás dos meus sonhos e ajudar a minha família”.

Após o falecimento do seu Aldonizedeque, veio um novo combate, tão doloroso quanto a perda do pai. Para viver o sonho de ser um grande campeão de Jiu-Jitsu, Barreto mudou para o Rio de Janeiro (RJ), onde estão várias das melhores academias do país.

No Grand Slam Abu Dhabi…

… ele ganhou a medalha de ouro

Com poucos recursos, teve que se acostumar a morar num pequeno quarto de academia. O espaço era muito apertado: lotado por 6 beliches e chegou a dividi-lo com outros 7 atletas. Mas foi no pequeno cubículo que Ademir fez caber o grande sonho todas as noites, enquanto tentava superar a saudade da família e dos amigos de Macapá.

“Isso foi quando eu saí de Macapá para viver o meu sonho. Às vezes eu dormia no tatame, às vezes em outro lugarzinho lá que havia. E confesso que essa foi uma experiência de vida para mim, porque ali passei a valorizar as coisas mais simples, como até mesmo o gole d’água que eu bebo. Isso tudo sem contar com a saudade que eu estava sentindo da minha família e dos meus amigos. Cheguei a chorar por várias vezes e a pensar em desistir. Mas acredito muito que aquilo ali foi fundamental na minha vida, porque me transformou e me ajudou muito a seguir nesse mundo”, detalhou.

O começo

Ademir Barreto iniciou a trajetória no esporte no judô quanto tinha 5 anos de idade. Aos 11 anos, quando estava caminhando pela rua, ele avistou uma academia e foi até lá. Ao chegar no local, foi que conheceu a ‘arte suave’.

“Eu achava que estavam lutando judô, mas era Jiu-Jitsu. Começava de joelho, algo que eu nunca tinha visto antes. Na minha primeira aula, confesso que gostei e segui treinando. Quando vi, eu já estava em competições”, contou.

Como todo grande vencedor, Barreto não começou por cima. Primeiro vieram as derrotas, e com elas a experiência. Sem baixar a cabeça, ele seguiu perseverante.

Até que em 2016, quando já era faixa azul, o atleta começou a participar de competições nacionais. Naquele mesmo ano, conquistou o 3º lugar do Sul Americano na sua categoria. A partir daí, passou a competir cada vez mais em torneios nacionais e internacionais.

Ao lado do treinador Orlando Barreto

“Uma coisa marcante que me aconteceu é que teve um campeonato nacional, que foi no Rio de Janeiro, onde eu sempre quis conquistar uma medalha. Mas apesar de todo esforço e sacrifício, eu não conquistei. Me abalei muito, mas decidi não abaixar a cabeça. Me dediquei mais ainda aos treinos e, em menos de um ano, fui campeão mundial em Abu Dhabi. Deus tem um plano na vida de cada pessoa, e em meses, ele me ajudou com essa conquista que foi muito maior. Então, por tudo isso, eu digo que se você tem um sonho, não se deixe abalar pelos obstáculos. Vá até o fim que você terá as suas conquistas”, declarou Barreto.

Futuro

Sobre o projeto nos EUA, o amapaense disse estar otimista e finalizou agradecendo a todos que sempre torceram pela sua vitória.

“Estou muito animado e tenho muita fé em Deus que vai dar tudo certo. Então só tenho a agradecer a Deus e a todos que acreditam em mim e que estão comigo nessa caminhada”, finalizou.

Seles Nafes
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