‘Metamorfose’ de prédios históricos ‘apaga’ o passado de Macapá, dizem professores

Levantamento sobre prédios históricos da capital do Amapá foi feito por professores da Unifap.
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Por CAROLINA MACHADO

Após um levantamento em prédios históricos de Macapá, os professores da Universidade Federal do Amapá (Unifap), doutora Eloane Cantuária, e mestre José de Vasconcelos, concluíram que a capital vem perdendo, de forma rápida, ao longo dos últimos 20 anos, a identidade visual. As análises são feitas desde 2008.

De acordo com a professora, a arquitetura da capital amapaense vem sendo sistematicamente substituída. Segundo ela, muitos prédios históricos não têm sido preservados, mas sim demolidos ou totalmente modificados.

“Ao longo de 20 anos, a cidade tem se renovado muito em termos de patrimônio histórico. Macapá tem 265 anos e hoje tem parte do que foi construído no passado. Vemos que as renovações que estão sendo feitas fazem com que parte desse passado seja completamente apagado. As pessoas mais antigas vão ficando sem identidade e lugares afetivos começam a desaparecer sistematicamente da cidade”, explicou.

Eloane Cantuária cita que muitos prédios antigos poderiam ter sido conservados ou apenas restaurados. Dentre eles, está o Mercado Central, que foi criado para vender carne, peixe e abastecimentos.

Para a profa. dra. Eloane Cantuária, prédios antigos poderiam ter sido conservados ou apenas restaurados. Foto: Carolina Machado

Apesar de não ter sido demolido…

… Mercado Central foi muito modificado, afirmou professora. Fotos: Divulgação

“Apesar de não ter sido demolido, ele foi tão modificado que, quem o conheceu décadas atrás não se encontra nesse novo mercado. A escola Barão do Rio Branco é outro exemplo. Ela foi a primeira escola de alvenaria de Macapá e deveria ter sido apenas restaurada”, exemplificou Eloane Cantuária.

Sobre a escola Barão do Rio Branco, a professora argumenta que a estrutura foi conservada, mas não da melhor maneira.

“Deveria ter sido feita uma obra que preservasse o máximo possível de toda a sua integridade, como pisos, forro… A gente tem que adequar, sim, esses prédios para as novas gerações, mas da melhor maneira possível”.

Escola Barão do Rio Branco …

… teve um pouco da arquitetura conservada. Fotos: Arquivo Pessoa e Ascom/GEA

Outra estrutura antiga que a professora questiona é a do prédio da escola de música Walkíria Lima, que foi demolido. Para Eloane, o novo prédio poderia ter sido construído em outro bairro de Macapá.

“Não estou barrando o crescimento de Macapá, mas acho que devemos ter mais critério e preservar patrimônios históricos”, justificou.

Para ela, a perda de prédios antigos se deve a uma ausência de políticas públicas de preservação. Por conta disso, teme que outras estruturas também sofram mudanças significativas ou até mesmo sejam demolidas.

Escola de Música Walkíria Lima foi demolida …

… e deu lugar a outra arquitetura completamente diferente. Fotos: Arquivo Pessoa e Ascom/GEA

Levantamento é da doutora Eloane Cantuária e do mestre José de Vasconcelos. Foto: Carolina Machado

“Um exemplo disso é a Casa do Governador. Ela não tem nenhum instrumento de preservação. Se um dia quiserem demolir, isso infelizmente poderá ser feito, pois não há nada que impeça por não haver uma política de preservação efetiva das instituições públicas. Então, é importante termos mais critérios, pois, mesmo que os anos passem, não perderemos a nossa identidade”, concluiu.

Seles Nafes
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