Após 10 anos, área do incêndio no Perpétuo Socorro continua sem destinação

Hoje, os moradores da região convivem com lixo enquanto a área permanece sem uso devido
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Por IAGO FONSECA

Um dos maiores incêndios registrados em Macapá completa dez anos nesta segunda-feira (23). A região, que antes era ocupada por cerca de 250 famílias, carrega um cenário de abandono com depósitos de entulhos e riscos aos moradores das redondezas.

Desde o incidente, pouca coisa mudou nas intermediações da Avenida Ana Nery e da Rua Quintino Justo de Almeida. O lugar é ocupado, parcialmente, por uma unidade do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e do Centro Pop, repartições municipais que atendem a população em situação de rua e vulnerabilidade.

Entretanto, onde não há construção, peças de televisores, camas, vasos sanitários e caroços de açaí se acumulam em meio ao abandono urbano.

O lugar é ocupado, parcialmente, por unidades do Cras e Centro Pop

Local é usado como lixeira. Fotos: Iago Fonseca

‘Maranhão’, como é conhecido o comerciante Josué Chagas da Silva, de 57 anos, mora no bairro há 11 anos. Ele conta que na última década a segurança melhorou, mas teve que fechar seu empreendimento por ser ‘vizinho’ do lixo e não conseguir licenças da Vigilância Sanitária para abrir a loja.

“Eu estava aqui. Mandei quebrar a casa do meu vizinho para o fogo não me atingir. Hoje a baixada aquietou, os meninos danados não estão mais aqui, mas sobre limpeza só dizem que vão limpar e aí o pessoal vai jogando [o entulho]. Se isso aqui pegar fogo de novo, eu perco tudo”, contou Maranhão.

Para o comerciante, é necessária uma destinação adequada para que os moradores não usem mais o local como lixeira viciada, mas a ocupação é disputada pela vizinhança.

Maranhão: “Se isso aqui pegar fogo de novo, eu perco tudo”

Pilhas de lixo tomam conta do local

“Uma associação ocupou por um tempo. Quando colocaram muro aqui veio todo mundo para cima, ninguém sabe de quem é isso. Quem paga o preço somos nós que moramos aqui”, afirmou o comerciante.

Cercado por vegetação e com a pilha de entulhos como paisagem, o vendedor de espetinhos, Gilvando Leal, de 44 anos, viu a casa de sua mãe ruir durante o sinistro. Ele conta que de 2013 até hoje nada foi feito para readequar o local.

“É só mato. É meio difícil de falar do futuro, tem dez anos que dizem que vão construir algo aqui e não fazem”, concluiu Gilvando.

Gilvando: “tem dez anos que dizem que vão construir algo aqui e não fazem”

Recorrência

O Portal Seles.Nafes.com reporta, há cerca de três meses, sobre os focos acúmulo de lixo no bairro Perpétuo Socorro. A área recebe intervenções de limpeza frequentemente, segundo moradores. Entretanto, permanece sem rejeitos somente por poucos dias após os trabalhos de limpeza.

Intervenções

O terreno recebeu constantes anúncios de intervenção pelo poder público. Em 2017, o governo estadual anunciou a criação de estudo para urbanização com unidades habitacionais, porém, a prefeitura de Macapá também revelou a intenção de construir na área, reivindicando posse. Em 2020, foram inaugurados os dois centros de assistência social.

Há duas semanas, o secretário da Zeladoria Urbana de Macapá, Helson Freitas, divulgou ao Portal SN.com que há um projeto em elaboração para criação de um espaço multiuso e que serão colocados tapumes ao redor até a definição da utilidade.

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