Mães revelam como caíram no Golpe do Miracema

Vítimas chegaram a perder entre R$ 87 a R$ 12 mil para os golpistas.
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Por IAGO FONSECA

“Se a gente fez isso é porque temos filhos, temos sonhos. O meu era ter o meu canto”. Foi assim que Arina Neves, mãe de três crianças, definiu a motivação que a levou a cair no Golpe do Miracema.

O caso veio à tona nos últimos dias, com a proximidade da entrega de 1 mil unidades habitacionais no conjunto, que fica localizado na zona norte de Macapá. O golpe, que tinha como isca a promessa de cartão de crédito de R$ 10 mil e apartamentos no Habitacional Miracema, enganou tantas pessoas que a Polícia Civil do Amapá ainda não sabe ao certo a quantidade de vítimas.

O Portal SelesNafes.com conseguiu conversar com algumas dessas pessoas. Elas contaram como foram atraídas e quanto perderam para os golpistas, que ainda estão sendo identificados nas investigações – uma suspeita teria, inclusive, fugido do estado e comprado um carro zero quilômetro.

Arina e outras pessoas registraram, na quarta-feira (13), a denúncia de estelionato contra duas mulheres que teriam prometido facilitação mediante pagamento de taxa para aprovação documental na Caixa Econômica Federal, agente bancário do programa Minha Casa Minha Vida, que financia entre 15% e 5% do valor moradias do Miracema, o restante é subsidiado pelo governo federal.

Arina registrou ocorrência no Ciosp Pacoval. Fotos: Iago Fonseca

“Elas falavam no grupo do WhatsApp que teriam boxes no Miracema para empreendedores, que era outro valor. E tinha esse valor da taxa do cartão, de R$ 87. Elas diziam que nosso nome iria sair na lista final do Miracema, que seria incluída na última etapa, mas no final nunca saiu”, lamenta Arina, que hoje mora agregada com a irmã no Bairro Buritizal.

O golpe foi executado por cerca de um ano pela dupla de mulheres, que gerenciava pelo menos três grupos de WhatsApp com média de 200 participantes cada. Para dar mais ‘credibilidade’ ao golpe, elas solicitavam às vítimas tinham documentos pessoais como RG, CPF e assinatura.

“Adicionaram a gente nesse grupo, lá começaram a passar as informações, que ia ser por etapa, que elas iriam avisar lá no grupo tudo que iria acontecer até a entrega da chave e foi assim que ficaram enrolando a gente. Ela marcava reuniões e depois desmarcava em cima, ela falava que não era mais. Foi assim por um ano”, revelou Loreana Marques, outra vítima do golpe do Miracema.

Em áudios obtidos pelo Portal SelesNafes.com, uma das mulheres que recebeu os pagamentos afirma para uma vítima que 630 pessoas indicadas estavam com as moradias garantidas, que deviam aguardar pacientemente pela entrega e manter sigilo.

“Vamos ter que pagar uma taxa por fora para poder liberar o cartão. Porque eu sei que tem muita gente aqui que o nome não vai passar. Então, como todo mundo sabe aqui, a gente está entrando por debaixo dos panos, porque esse é um processo demorado”, relatou a suposta golpista em um desses áudios.

1 mil apartamentos …

… e casas serão entregues dia 18

A Polícia Civil do Amapá ainda contabiliza quantas pessoas foram vítimas da fraude, que envolveu pagamentos de R$ 87 até R$ 12 mil para grupos criminosos diferentes, que também estão na mira das investigações. Já foram identificadas várias células com o mesmo modo de operar envolvidas na venda do falso cadastro.

A 3ª Delegacia de Polícia, que fica no Ciosp Pacoval, está responsável pelo caso, é para lá que as vítimas devem se dirigir, ou, ainda, fazer o registro através do BO virtual, da delegacia virtual.

As etapas 3 e 4 do conjunto habitacional Miracema serão entregues na tarde de segunda-feira (18) pelo presidente Lula da Silva (PT) e o governador do Amapá, Clécio Luís (SD).

Seles Nafes
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