Perícia aponta 3 causas da morte de dependente química após prisão

Um dos motivos foi uma hemorragia aguda na região do fígado, segundo exame cadavérico da Politec e declaração de óbito do hospital
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Por SELES NAFES

O exame cadavérico feito pela Politec no corpo da doméstica Kátia Simone Santana, de 40 anos, que um dia antes de morrer tinha sido presa por policiais militares do Amapá, aponta três causas para o óbito: choque hemorrágico agudo, lesão contusa hepática e lesão contundente abdominal. São as mesmas causas indicadas também na declaração de óbito do Hospital Estadual de Santana, município na região metropolitana de Macapá, onde a doméstica faleceu no último sábado (30). 

Os documentos foram divulgados pelo advogado Marcelo Lisboa. A família, que mora no Centro de Santana, registrou boletim de ocorrência pela morte da doméstica, que era viciada em crack. Kátia foi presa na Caesinha, em Santana (na noite de 29 de dezembro), e apresentada na delegacia onde relatou à irmã que se sentia dores intensas após uma suposta sessão de tortura, em uma casa abandonada. A irmã afirma que a doméstica foi presa com 7 pedras de crack, para consumo próprio.

No dia seguinte, depois de liberada na audiência de custódia, ela foi levada para casa passando mal, e depois encaminhada ao hospital, onde morreu. A irmã afirmou ao Portal SN que Kátia revelou ter sido arrastada pelos cabelos até uma casa, onde os policias teriam “pulado na barriga dela” e “pisado em seu rosto”.

A sessão de tortura teria incluído choques e afogamentos num balde, além de ferimentos com um canivete.

Corpo de delito, onde perito informou que não havia indícios de tortura

Documento emitido pelo hospital

Detalhe da declaração de óbito

Exame cadavérico da Politec

Corpo de delito

O Portal SN encontrou diferenças acentuadas entre a declaração de óbito, a perícia cadavérica e o exame de corpo de delito feito na Politec, durante o procedimento de prisão em flagrante. O corpo de delito, feito logo após a prisão, confirmou que Kátia, então presa por suspeita de tráfico de drogas, apresentava lesões provocadas por agressões, mas indicava que os ferimentos não significavam risco à vida.

Além disso, o perito que a examinou anotou no laudo que ela estava consciente e com noção de espaço e tempo. Ele respondeu “não” ao quesito tortura, mas registrou que a doméstica relatou ter sido agredida por policiais. 

No entanto, a declaração de óbito e o exame cadavérico demonstram que o estado de saúde dela era muito grave. Foram três causas para a morte, incluindo a hemorragia aguda. Não há citação sobre fraturas, como a família havia alegado inicialmente.

Foto feita pela irmã da Kátia Simone

O Portal SN apurou também com um médico e um perito que a “lesão contusa hepática” e o “choque hemorrágico agudo” podem indicar que Kátia sofreu um rompimento na região do fígado que gerou a hemorragia interna aguda.

A Polícia Militar do Amapá foi procurada, mas não emitiu nenhum posicionamento sobre o assunto até ontem (3) à noite. O juiz José Castelões, que conduziu a audiência de custódia de Kátia Simone no dia 30, mandou notificar a corregedoria da PM do Amapá.

Seles Nafes
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