Brasileiros e franceses mostram que a pororoca não morreu, só mudou de endereço

Atletas passaram o Carnaval surfando no Rio Flexal, no município de Amapá
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Por SELES NAFES

Um grupo de surfistas brasileiros e franceses passou o feriado de Carnaval mostrando que o surf na pororoca não morreu, só mudou de endereço. O cenário não é mais o rio Araguari, onde o fenômeno desapareceu. Agora, a aventura continua nos rios do Amapá, mas em outras localidades.

No feriadão de folia, eles foram para o município pecuarista de Amapá, a 310 km da capital Macapá. Da sede, eles se deslocaram até o Rio Flexal, onde a briga do rio com o Oceano Atlântico produz ondas de meio metro a um metro e meio.

Há 10 anos, o point dos surfistas de “água doce” era o rio Araguari, mas o surgimento de canais pelo pisoteio de búfalos criados em larga escala alterou o nível e as margens do rio, provocando o desaparecimento da pororoca.

Nos últimos anos, os surfistas passaram a mapear outras pororocas, sob a liderança do amapaense Jim Davis Rocha de Almeida, sufista há 11 anos.

Em 2016, os atletas voltaram a surfar a pororoca em outras paragens.

Em que locais a pororoca ainda existe?

Jim – Em Oiapoque, onde fica a pororoca do rio Uaçá (terras indígenas) e no rio Cassiporé. Em Calçoene, temos a pororoca de Cunani. Do rio Calçoene ainda precisamos confirmar. Em Amapá, temos a pororoca dos rios Flexal, Amapá Grande, Igarapé do Inferno, do rio Boiador, Ponta Seca e Sucurijú. Temos também em Macapá, no arquipélago do Bailique.

Bruno (Guiana) e Jim (Amapá). Convite e imagens para a Europa. Foto: Assup-AP

Grupo se reuniu em Amapá, a 310 km de Macapá

Essa pororoca de Amapá é nova?

Essa pororoca (do Rio Flexal) sempre existiu.

Quanto tempo dura uma onda?

Neste o rio o fenômeno dura em torno de 1 hora até se acabar rio adentro. Neste caminho, a onda varia entre 3 a 20 minutos, por sessão.

Como ocorreu essa aproximação com os atletas franceses?

Surgiu a partir do grupo de kite surfistas franceses que velejava competições da AVAP – Associação de Velejadores do Estado do Amapá. Eles moram na mesma rua em Kourou (Guiana Francesa) e são alunos de surf. O Bruno Gonzales (atleta) foi à pororoca a meu convite e nunca mais deixou de ir. Trouxe o turismo do surf na pororoca para o município de Amapá e levou as imagens da pororoca para a Europa.

Existe uma entidade só de surfistas da pororoca no Amapá?

Sim. Criamos em Macapá a Assup, a Associação do Surf e do Stand Up Paddle do Amapá.

Quantos dias vocês ficam numa aventura como essa?

Passamos de dois a quatro dias. Dependendo do lugar, podemos chegar até oito dias.

Pororoca no rio Flexal. Fotos fornecidas pelos franceses liderados por Bruno Gonzales

Uma das ondas mais longas do mundo

Quais os próximos desafios de vocês?

Surfar em novas ondas. A missão agora é conhecer e filmar o fenômeno nos municípios de Calçoene (março) e Oiapoque (setembro a novembro). Bailique será em abril.

Por que a pororoca desapareceu no rio Araguari?

Porque o rio foi desviado à direita, passando a desaguar na foz do rio Gurijuba e Urucurituba. A bubalino cultura inadequada foi importante fator pra criação de canais que desviaram o rio a direita, alagando o campo das fazendas e mudando o ambiente com a morte de muitas árvores do campo.

Então no Araguari não tem mais…

Não, mas surgiu uma nova onda com 5 anos de idade com a força do Araguari, agora no rio Amazonas. Chamamos de “Pororoca da Ponta da Esperança”.

Seles Nafes
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