Por SELES NAFES
Um dos delegados de polícia mais conhecidos do Amapá decidiu entrar de vez na política. Depois da primeira experiência nas eleições de 2022, quando concorreu a deputado estadual, Charles Corrêa, de 51 anos, quer ser candidato a prefeito de Oiapoque, cidade a 590 km de Macapá, e onde mora há mais de uma década.
Esta semana, ele tomou o primeiro passo: anunciou filiação do PSB, o partido da Família Capiberibe, que não costuma apostar muito em renovação. Agora, sob a batuta do ex-governador e ex-deputado federal Camilo Capiberibe, a legenda dá sinais de que pretende se reinventar, e Charles Corrêa é uma dessas apostas.
Carioca, o delegado da Polícia Civil decidiu fazer a carreira policial em Oiapoque, e nas folgas percorrer 4,2 mil quilômetros até chegar ao Rio de Janeiro, onde aproveita períodos curtos com a família.
O que te motivou a buscar concorrer ao cargo de prefeito?
É preciso deixar uma coisa muito clara. Eu amo a fronteira. Amo estar nesse lugar, que eu sonho transformar. Como gestor do Ciosp de Oiapoque, eu também me sinto capacitado e muito estimulado a fazer o mesmo pela cidade. Mesmo sem recurso, quando você tem vontade de fazer, você encontra meios. Foi assim quando vim trabalhar na delegacia de Oiapoque, que nem bebedouro tinha. Não tinha a mínima condição de trabalho para os policiais. Vocês lembram como era a criminalidade em 2011. Eu fui pedindo, pedindo, conseguimos mecânico para a meia viatura que a gente tinha, central de ar, tinta, bebedouro…Tenho muito orgulho de ter sido o primeiro delegado a fazer operação contra homicídios na Ilha Bela (comunidade remota na fronteira).
Como?
Primeiro, a prefeitura precisa tratar o dinheiro do contribuinte com respeito e profissionalizar a gestão com pessoas qualificadas em suas secretarias.
Como você usaria a sua experiência como policial?
Oiapoque precisa de uma Secretaria Municipal de Segurança Pública com orçamento e autonomia, assim como dar orçamento para a Secretaria de Esportes. Os franceses querem investir no esporte daqui, só precisam de projetos. Além de investimento na Saúde, queremos estimular ainda mais o turismo com uma orla apropriada, com atrativos e estrutura para as catraias.
Por que concorrer pelo PSB?
Minha relação com o PSB é um pouco antiga. Quando comecei a trabalhar aqui em Oiapoque, eu conheci a então deputada (federal 2003 a 2006) Janete Capiberibe, que indicou uma emenda de R$ 600 mil para construir a Delegacia de Mulheres de Oiapoque. Infelizmente o governo mudou, e a emenda não foi concretizada. O PSB tem essa pegada social, que me encanta.
Indo para o PSB você deu uma guinada política ideológica, não?
Muito antes da onda bolsonarista, eu era filiado ao PL. Agora estou indo pra um partido com uma militância muito grande. O PSB é como um leão adormecido, uma Ferrari que ficou anos sem título. Em me enxergo como essa chama que vai estimular a militância a buscar uma mudança social. E a base é a educação, o grande elemento transformador. Só com o governo de esquerda é que vieram para Oiapoque a Universidade Federal (Unifap) e o Hospital de Oiapoque, além do Corpo de Bombeiros. Isso tudo é legado do governo do PSB que trouxe benefícios para Oiapoque.