Por ANITA FLEXA
Há 14 anos o projeto “Cidades Invisíveis, Pessoas Incríveis”, ou simplesmente, Cipesin, divulga práticas transformadoras e solidárias na sociedade.
Essa iniciativa surgiu a partir de um projeto de pós-doutorado da professora Bianca Moro, que é docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Amapá (Unifap). A ação consiste em pequenos documentários que retratam um pouco da história de representantes das comunidades.
Os principais cenários dos documentários gravados pela professora são locais onde pessoas moram em condições precárias, muitas vezes sem acesso regular a serviços básicos como saneamento, fornecimento de energia, coleta de lixo ou abastecimento de água. Essa é uma maneira do projeto de dar voz e visibilidade às pessoas que são representantes de uma parcela importante da população.
Os documentários surgiram dentro da proposta de estágio internacional de pós-doutorado de Bianca Moro, realizado na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo – bolsa de 1 ano da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
“Como a bolsa exigia uma proposta internacional, decidi fazer um documentário que mostrasse três diferentes realidades na América Latina de precariedade urbana”, explica a Profa. Dra. Bianca Moro.
A partir das vivências das práticas solidárias dos líderes comunitários, os documentários abordam temas conectados ao direito à cidade, inclusão social e superação de dificuldades, buscando sensibilizar o público a refletir sobre assuntos de grande importância para a construção de uma sociedade solidária, empática e resiliente.
“Entre 10 a 15 minutos os nossos documentários revelam as condições de vida da população da América Latina que vive em com precariedade urbana e, em especial, nós destacamos pessoas que são agentes de transformação nessas comunidades em que vivem”, observa a idealizadora do projeto.
Sete cidades já foram visitadas: Macapá (localizada no estado do Amapá, na Amazônia brasileira, e suas ressacas), Paraisópolis (favela localizada em área nobre da cidade de São Paulo e que completou 100 anos em 2021) e Sendero de San Isidro (que é um conjunto de habitação de interesse social em Cidade Juarez, no México, fronteira com os Estados Unidos), São Felix do Caribe, no Sertão da Bahia, o bairro ribeirinho do Elesbão (no município de Santana, Amapá), a cidade de Goiânia e a Cidade do México.
Agora, a cidade que está recebendo a equipe do Cipesin é Goiânia, onde a história da vez é do Filemon Tiago, um ativista da sustentabilidade e defensor da bioarquitetura e suas técnicas inovadoras que valorizam a cultura do local. Ele ensina crianças, jovens e adultos a construir casas de barro, desde a fabricação da matéria-prima até a arquitetura para as chamadas ‘Cidades de Terra’.
Filemon destacou que a visibilidade do projeto proporciona às comunidades e seus líderes a possibilidade de mudanças da realidade.
“Nós fomos muito agraciados com o projeto, conseguimos ser visto por mais pessoas, e isso trouxe resultados diretos à nossa comunidade. Então, a gente está muito feliz de ser parte disso tudo, de saber que a gente faz parte de algo maior. E o importante é fazer parte de uma conexão que, muitas das vezes, não é sentida, presencialmente, mas ela é vivenciada através dessas conexões e agora estamos conectados com o Amapá”, conclui Filemon Tiago.
Mídia participativa
Os documentários são produzidos utilizando a metodologia da mídia participativa através da metodologia de pesquisa documental e de produzir espaços de inclusão e visibilidade para as populações que vivem em áreas periféricas por meio do audiovisual e da participação direta das comunidades nos filmes.
Saiba mais sobre o projeto através do site https://cipesin.com/ ou da página no YouTube https://www.youtube.com/@cidadesinvisiveispessoasin8584.