Por IAGO FONSECA
Escolas da rede estadual de ensino têm disponibilizado kits de higiene e absorventes íntimos para estudantes dos níveis fundamental e médio no Amapá. A iniciativa busca fortalecer a dignidade menstrual e bem-estar de meninas e mulheres que passam por situações de vulnerabilidade.
A ação, que para muitos pode ser vista como desnecessária, tem sido o apoio social para alunas que necessitam do kit em um momento de emergência. Nos banheiros, ficam a disposição das alunas os absorventes, creme dental, shampoo e sabonetes.
A estudante Juliana Fonseca, de 18 anos, passou por situações de constrangimento no passado, quando cursava no 6° ano do fundamental. Agora no 3° ano do ensino médio, ela comemora que outras alunas não precisam passar experiência de interromper os estudos por essa necessidade.
“Já aconteceu problemas comigo e com algumas colegas. Uma vez menstruei dentro da sala de aula e não tinha absorvente, tive que pegar uma autorização na coordenação para ir para casa, não tinha esse apoio. É um tabu para as pessoas, mas eu vejo como uma boa [solução], temos muitas meninas na escola e às vezes a gente precisa”, ressalta a estudante.
Com recursos federais, mais de 380 escolas que aderiram ao programa Escola Melhor recebem mensalmente R$ 200 mil para manutenção das unidades e desenvolvimento de ações pedagógicas, com prestação de contas. De acordo com a secretaria de educação do Amapá, a compra dos kits é feita diretamente pelas escolas, conforme a demanda.
Gizele de Nazaré, diretora da escola estadual Mário Quirino, no Bairro Buritizal, zona sul de Macapá, revela que a unidade de ensino recebe o incentivo federal desde 2021. Com 2 mil alunos, os kits são renovados diariamente.
“Tivemos a preocupação com as alunas que vinham para a escola e que não tinham condições, aí conseguimos parceiros para dentro da escola, o apoio da comunidade para nos ajudar, e tivemos até um campeonato de alunas contra outras alunas para ganhar o kit de dignidade menstrual. A partir daí, nós começamos a engajar na campanha para obter os recursos federais e manter o projeto”, reforçou a diretora.