Atleta com paralisia supera preconceitos e conquista graduação

Joana conseguiu se graduar em Direito, numa faculdade de Macapá.
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Por IAGO FONSECA

Logo nos primeiros meses de idade, Joana Normandes recebeu o diagnóstico que poderia limitar sua vida. Com paralisia cerebral, etapas naturais do desenvolvimento demoraram mais que o esperado, mas mesmo com obstáculos e preconceitos, ela tem provado que a condição não é impedimento para buscar sonhos: aos 23 anos, alcançou a graduação em direito e compete em jogos de atletismo.

Desde a infância Joana lida com olhares curiosos, comentários maldosos e até mesmo exclusão em espaços devido à sua condição. A paratleta possui algumas limitações motoras que afetam seu movimento e fala. Entretanto, isso não a impediu de persistir.

“Os profissionais da área da saúde disseram que eu nunca iria nem andar. Porém, graças à Deus e ao apoio que tive da minha família e, também, à minha determinação, dei os meus primeiros passos aos 3 anos e meio de idade e, desde então, não parei mais de desafiar as expectativas. Se todos buscassem conhecer ao invés de julgar e acolher ao invés de excluir, poderíamos construir uma sociedade mais inclusiva e compassiva”, declara Joana.

Joana recebeu homenagem da turma durante a outorga. Fotos: Arquivo Pessoal/Joana Normandes

A paralisia não a impediu de persistir

No último dia 22 de março, ela alcançou a colação de grau no Curso de Direito em uma faculdade particular na zona oeste de Macapá. Desde então se prepara para aprovação em um concurso público. Além disso, é paratleta há cerca de um ano e meio e já competiu pelo Amapá em Goiânia e Porto Alegre.

“Desde os 15 anos, eu estava decidida de que iria cursar direito. Aos 18 anos entrei na faculdade e, ao mesmo tempo que estava feliz, senti muita insegurança por não saber o que me esperava, por não saber se iria conseguir. Para mim, um dos momentos mais marcantes durante a jornada acadêmica foi quando recebi a nota máxima, 10 pontos, tanto no trabalho escrito, quanto na apresentação do meu Trabalho de Conclusão de Curso”, completa Joana.

O trabalho apresentado por ela e mais dois amigos foi um artigo científico com um tema relacionado às políticas públicas de acessibilidade para pessoas com deficiência no Amapá. De acordo com Joana, a conclusão foi que não basta apenas seguir as normas, mas também é necessário conscientizar as pessoas sobre a inclusão das pessoas com deficiência”.

“Atualmente, estou focada em buscar estabilidade financeira e realização profissional, vejo isso como uma forma de utilizar meu conhecimento em Direito para contribuir de maneira significativa para a sociedade. Já o esporte, para mim, significa inclusão, é onde finalmente me sinto em pé de igualdade com as outras pessoas, onde verdadeiramente me sinto acolhida”, completa a paratleta.

Joana com seu treinador

Joana em momento de descontração

O atletismo foi o vetor que impulsionou mais ainda a determinação de Joana. Através do esporte, ela conta que enfrentou desafios que refletiram diretamente em suas habilidades e independência, como a prática da musculação, utilizar ônibus e andar sozinha.

“São experiências que contribuíram para o meu crescimento e autoconfiança. É claro que todo atleta sonha em subir ao pódio, mas as experiências e os aprendizados que o esporte proporciona são incríveis. Independente do caminho que eu escolha seguir, visualizo-me como alguém que busca fazer a diferença no mundo, proporcionando impactos positivos na vida das pessoas e contribuindo para um ambiente mais justo e equitativo”, conclui.

Seles Nafes
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