Por IAGO FONSECA
Familiares e amigos do sindicalista Leandro de Sousa Abreu, morto durante abordagem policial no dia 26 de maio de 2023, no Bairro do Muca, zona sul de Macapá, protestaram em frente ao quartel do comando geral da Polícia Militar e do Ministério Público do Amapá, na manhã desta terça-feira (28). Ele era presidente do Sindicato dos Taxistas de Macapá (Sintaxi).
A mobilização se concentrou na casa onde Leandro vivia com a esposa e filhos, no Bairro Jardim Marco Zero, também na zona sul. A família pede celeridade na tramitação que pode resultar em julgamento e explicações pela devolução do processo pelo Ministério Público à delegacia que instaurou o inquérito, por falta do laudo de uma das vítimas, Igor Amaral, primo de Leandro. Os policiais já haviam sido indiciados pela Polícia Civil por homicídio.
“Estamos pedindo celeridade, que os órgãos deem uma resposta para a gente, principalmente do quartel militar. Queremos saber se os policiais estão trabalhando, se estão afastados, porque eles não dão uma resposta para a família. Uns dizem que eles estão bem, espero que esteja bem, sim. Estão trabalhando e a família de quem eles mataram está chorando, pedindo justiça. Não é fácil para a gente ver uma adolescente de 16 anos sair da sala de aula e ir para o cemitério ficar em cima do túmulo do pai”, declarou Nalda Marques, mãe de Leandro.
No domingo (26), a viúva Dirce Nayra e as filhas Leandra e Linayra Abreu visitaram o local onde Leandro foi morto, no Bairro do Muca. Segundo a família, Leandro, o primo Igor, o motorista do táxi e um infrator que furtou uma bicicleta aguardavam no veículo de Leandro, enquanto a esposa do suspeito entrou em uma área de ponte para buscar a bicicleta furtada. Foi quando a polícia fez a abordagem que culminou na morte do taxista e do suspeito de furtar a bicicleta. A ação deixou Igor gravemente ferido, mas ele sobreviveu.
“Tiraram da sociedade um pai de família e deixaram duas meninas órfãs, que choram pela perda do pai. Ele era parceiro, um amigo e esposo muito companheiro. Eles (os policiais) não tiraram qualquer pessoa da sociedade, eles tiraram uma pessoa que lutava pelos seus direitos e que buscava sempre o melhor tanto para a sua família, como para a família dos seus parceiros taxistas”, reforçou Dirce Nayra Abreu, viúva de Leandro.
Os policiais envolvidos na abordagem que terminou na morte do presidente do Sintaxi foram afastados das funções pela Corregedoria da Polícia Militar, mas até hoje não foram julgados ou presos, segundo a família.
Há duas versões sobre o ocorrido. Os policiais envolvidos na abordagem afirmam que Leandro teria apontado uma arma para eles, mas advogados da família da vítima afirmam que a guarnição errou e tentou plantar provas contra Leandro, para justificar o equívoco. Leandro era CAC e possuía uma arma de fogo no momento do ocorrido. A família afirma que existe um vídeo que mostra a ação policial, mas que a liberação depende do advogado que os representa.