Por HUMBERTO BAÍA, de Oiapoque
Fernando Canto foi uma figura marcante na cena cultural do Norte do Brasil, especialmente no Pará e no Amapá, onde sua contribuição deixou uma marca indelével na história da arte e da cultura da região. Tive a honra de trabalhar com ele nos anos 90 na Universidade Federal do Pará (UFPA), em um dos maiores projetos culturais da universidade na época: o Projeto Boca da Noite.
O Boca da Noite surgiu como uma iniciativa para fortalecer e dar visibilidade a artistas locais em diversas áreas, promovendo uma verdadeira efervescência cultural. Realizado no Núcleo de Artes (NUA) da UFPA, localizado na Avenida Presidente Vargas, em Belém, o projeto criou um espaço onde criatividade e talento podiam florescer. Trabalhar lado a lado com Fernando Canto foi uma experiência enriquecedora, que me ensinou muito sobre o valor da arte e a importância de apoiar nossos artistas.
Fernando, junto com colaboradores como Eloi Iglesias, Walter Bandeira e muitos outros, dedicou-se a capacitar artistas para que pudessem gerenciar suas carreiras de maneira autônoma no futuro. Essa visão proativa e o comprometimento com o desenvolvimento artístico local foram fundamentais para que muitos talentos da região pudessem se destacar, não apenas no Pará e no Amapá, mas em todo o Brasil.
O Projeto Boca da Noite não era apenas um espaço de apresentações; era, acima de tudo, uma escola de vida para aqueles que desejavam ingressar no mundo das artes. As noites culturais se tornaram um ponto de encontro para a troca de ideias, experiências e a construção de uma comunidade artística coesa e engajada.
A contribuição de Fernando Canto vai além dos palcos e das audições; ele foi um verdadeiro mentor, um incentivador que acreditava no potencial de cada artista que cruzava seu caminho. Seu legado perdura nas mãos e nas vozes daqueles que foram tocados por sua visão e paixão pela cultura.
Hoje, ao lembrar de Fernando, somos gratos por sua dedicação e pela forma como iluminou o caminho para muitos artistas que, inspirados por seu trabalho, continuam a levar a arte e a cultura do Amapá e do Norte do Brasil a novos patamares. Vá em paz, meu amigo! Seu legado viverá eternamente nas memórias e nas criações de todos aqueles que tiveram a sorte de trabalhar ao seu lado.