Da REDAÇÃO
Em um caso que chocou o sul do Amapá pela futilidade da motivação, o conselho de sentença do Tribunal do Júri de Vitória do Jari condenou dois réus por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A vítima, um homem deficiente visual que trabalhava como caseiro, foi morto após um desentendimento sobre a senha de uma rede Wi-Fi. O julgamento foi realizado ontem (27).
“Quanto vale uma vida humana? Para os réus, valia menos que uma senha de internet”, comentou o promotor de justiça Júlio Kuhlmann, que atuou no júri.
O homicídio ocorreu em dezembro de 2021. De acordo com o processo, Antônio Carlos Araújo, o “Magal”, era caseiro há mais de 20 anos em um sítio onde os dois assasinos trabalhavam, em Vitória do Jari. Roberto Milasse e Ronei Costa da Conceição, que são irmãos, foram condenados a 17 anos e 9 meses de prisão, além de multa.
A vítima era deficiente visual, e mesmo assim, cuidava da propriedade. Os dois irmãos teriam ficado inconformados por não receberem a senha do Wi-Fi do sítio onde Magal trabalhava. O caseiro foi morto e teve o corpo ocultado pelos criminosos.
“Um homem que superou sua deficiência visual através do trabalho honesto foi morto por fazer seu dever: proteger o patrimônio de quem nele confiava”, completou o promotor.
Durante o julgamento, as provas apresentadas pelo Ministério Público convenceram o Conselho de Sentença de que o ato não só representava a desvalorização da vida humana, mas também uma agressão à dignidade coletiva. A sentença classificou o crime como homicídio qualificado por motivo fútil, um agravante que resultou em penas rigorosas para os réus.
“A condenação marca um precedente importante para a sociedade amapaense. Ela reafirma que, em nosso Estado, a vida humana é um bem supremo, que deve ser protegido a qualquer custo”, finalizou o promotor Kuhlmann após a sentença.