‘Deram pressão e entreguei dinheiro’: empreiteiro volta a dizer que entregou propinas a secretário

Claudiano Monteiro prestou depoimento em processo que apura ameaça de danos em obra que ele executou, mas não recebeu
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Por SELES NAFES

O empreiteiro Claudiano Monteiro voltou a afirmar que entregou propinas ao secretário de Obras da Prefeitura de Macapá, Cássio Cruz. A declaração foi dada na última sexta-feira (14), em novo depoimento do empresário numa ação criminal do Ministério Público, que apura a ameaça de remoção do alambrado da arena esportiva no bairro Mestre Oscar, na zona norte de Macapá.

Diante do juiz Mateus Pavão, o empresário, que é dono da construtora CM de Oliveira Cia, iniciou o depoimento reafirmando que “recebeu pressão e entregou dinheiro a eles”, em referência aos gestores da prefeitura. No primeiro depoimento, em outro processo por calúnia e difamação movido por Cássio Cruz, ocorrido em julho do ano passado, Claudiano afirmou que entregou dinheiro diversas vezes ao secretário. O gestor da Semob teria informado ao empresário que parte da propina pelo pagamento de faturas iria para um “chefe”, sem mencionar nomes.

Em setembro do ano passado, a prefeitura e a Semob foram alvos da Operação Plattea, da Polícia Federal, que investiga o pagamento de meio milhão de reais em propina pela obra da Praça Jacy Barata, que nos primeiros anos também foi conduzida pela empresa de Claudiano Monteiro.

Pressão e fotos

No processo em que houve o novo depoimento, a origem foi a arena do conjunto Mestre Oscar. Claudiano Monteiro executou a obra, mas recebeu um pedido de Cássio Cruz e do prefeito Antônio Furlan (MDB) para que um alambrado de futebol fosse construído no entorno da arena, o que não constava no projeto.

Para custear a obra, a prefeitura concordou em conceder um aditivo, e a inauguração foi marcada para o dia 31 de dezembro de 2022. A obra foi concluída e entregue com o serviço adicional do alambrado, mas nenhum centavo foi pago. O empreiteiro afirmou que cobrou pelo pagamento diversas vezes, até que decidiu ir ao local ameaçar retirar o alambrado.

“Era apenas pressão para ver se iam me pagar. Nada foi retirado. Eu queria chamar a atenção da mídia para que o prefeito fizesse o pagamento. Fiz a obra com recurso federal e aditivo com recurso municipal. Eu acelerei a obra pra ele fazer a entrega com a promessa de fazerem o pagamento”, comentou ao magistrado.

Mesmo assim, a Guarda Municipal foi até o local e levou funcionários de Claudiano para prestar depoimento no Ciosp do Pacoval. O empresário decidiu também ir, e lá ele teria descoberto que o contrato da obra havia sido repassado a outra empresa.

“A minha empresa executou a obra. Fui na delegacia para esclarecer os fatos. O delegado só queria ouvir a assessora (da Semob) afirmando que eu queria destruir uma obra pública que eu não executei. Quando insisti, ele resolveu me ouvir”, relembrou.

Arena foi inaugurada em dezembro de 2022…

…alambrado não foi removido por Claudiano: ‘eu queria dar pressão para receber pela obra’

O empreiteiro disse ter ficado surpreso quando uma assessora da Semob apresentou ao delegado o contrato em nome de outra empresa, que incluía até um relatório fotográfico. 

“Mas as fotos eram do relatório da minha empresa. Eles retiraram datas e a localização das fotos que foram tiradas com georreferenciamento, e pagaram um valor maior para outra empresa, de R$ 338.470,70. O valor original era de R$ 293 mil”, acrescentou.

O magistrado ainda ouvirá testemunhas e documentos de ambas as partes antes de julgar o processo.

Seles Nafes
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