Por SELES NAFES
O empresário João Luís Pulgatti, preso em flagrante na última sexta-feira (4) após ameaçar e disparar tiros contra um delegado da Polícia Civil e o segurança do condomínio Jardim Europa, na zona oeste de Macapá, permanecerá preso por tempo indeterminado. A decisão foi tomada no último sábado (5) pelo juiz Mateus Pavão durante audiência de custódia, que converteu a prisão em flagrante em preventiva. Ele foi transferido para o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen).
Na avaliação do magistrado, os crimes imputados a Pulgatti — tentativa de homicídio, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, ameaça e dano qualificado contra o patrimônio do Estado — configuram grave risco à ordem pública. Além disso, o juiz destacou o histórico de agressividade do empresário e o fato de ele já ter uma condenação por porte ilegal de arma de fogo.
O delegado informou que dois dias antes do episódio, Pulgatti o teria abordado numa rua do condomínio mostrando uma pistola na cintura e se apresentando falsamente como “Coronel Pulgatti”. Em tom ameaçador teria dito: “Eu já te conheço”.
Na madrugada de sexta-feira, o empresário voltou à residência do delegado, no mesmo condomínio onde ambos moram, e iniciou uma série de ameaças. Armado, esmurrava a porta de vidro da casa, gritando ofensas e intimidações.
“Venha aqui, seu delegado de merda, vou mostrar quem manda aqui, seu bosta“, teria dito.

Empresário foi transferido para a penitenciária do Estado
Em seguida, efetuou disparos que atingiram uma viatura caracterizada da Polícia Civil estacionada no local e, segundo as investigações, atirou duas vezes contra o vigilante do condomínio que se aproximava no momento do ataque, mas que não foi atingido.
Os policiais militares que atenderam a ocorrência encontraram o empresário escondido em sua residência, onde, após várias tentativas de negociação, ele permitiu a entrada das equipes. No local, foram apreendidos uma arma de fogo, munições, dinheiro e documentos. A perícia constatou que ele não tinha feito uso de drogas ou álcool.
Depressão
Durante a audiência de custódia, a defesa de Pulgatti solicitou a concessão de prisão domiciliar, alegando que ele sofre de depressão e faz uso de medicamentos controlados. O juiz, no entanto, negou o pedido.

Trecho da decisão do magistrado
“A concessão da prisão domiciliar representaria um verdadeiro risco à integridade física do ofendido e de sua família, que residem no mesmo condomínio, cenário dos crimes e ameaças”, ponderou o magistrado.
O juiz também enfatizou que, ao atentar contra a vida de um delegado de polícia e disparar contra uma viatura oficial, o empresário demonstrou “desprezo pela lei e pelas forças que a representam”, o que transmite à sociedade uma perigosa sensação de impunidade.