Por RODRIGO DIAS
O jornalista Heverson Castro, um dos profissionais de imprensa agredidos e detidos após questionar o prefeito de Macapá, Antônio Furlan (MDB), sobre o andamento das obras do Hospital Municipal da Zona Norte, usou a tribuna da Assembleia Legislativa do Amapá (Alap) nesta terça-feira (19) para denunciar o que classificou como “violência e censura”.
Em um discurso marcado pela emoção, Castro chorou ao relatar o impacto do episódio em sua família. Ele contou que seus filhos assistiram pela televisão a notícia de sua prisão e ficaram abalados ao vê-lo algemado.
“É triste para um pai de família saber que o filho assistiu ao pai ser preso injustamente, sendo tratado como bandido. Nunca me senti tão humilhado”, disse às lágrimas.

Discurso foi marcado pela emoção na plenária da Alap
O caso ganhou repercussão nacional após a divulgação de vídeos que mostram o prefeito agredindo o jornalista Iran Fróes, colega de Castro, durante a entrevista. A confusão começou quando Heverson perguntou sobre o cronograma das obras. Segundo ele, o objetivo de Furlan era tomar os aparelhos que registravam a cena. Os equipamentos não foram devolvidos pela gestão municipal, e o vídeo só veio a público porque outro profissional conseguiu salvá-lo.
Heverson destacou que sempre defendeu a união entre governo estadual e prefeitura, mas lamentou que a sociedade e a imprensa sejam colocadas no meio de um “jogo de ego e vaidade”.
“Quando a imprensa elogia uma obra, somos aplaudidos. Quando cobramos, somos vilipendiados, encarcerados como se fôssemos criminosos”, afirmou.
O jornalista comparou a postura do prefeito a práticas da ditadura militar. “O que aconteceu foi um remonte aos períodos dos porões”, declarou.

Josnalista se emocionou ao lembrar que o filho lhe viu …

… ser preso pela Guarda Municipal …

… após tentar entrevistar o prefeito Furlan
Ele também criticou frases usadas para relativizar a agressão. “Dizer que o prefeito é bom de voto e agora é bom de porrada não tem justificativa. Tentaram silenciar vozes que cobram, e é um direito cobrar”, reforçou.
Castro revelou ainda que, após o episódio, não conseguiu voltar para casa por temer pela própria segurança. “Precisei dormir em um hotel. No dia seguinte, nem pude levar meus filhos à escola”, contou.
Além de Heverson, também foram detidos os jornalistas Iran Fróes e Marshal dos Anjos. Eles foram algemados e levados em um camburão da Guarda Municipal até a Delegacia da Mulher, depois que servidoras da prefeitura alegaram terem sido agredidas.

Heverson Castro: “Em um discurso marcado pela emoção”. Foto: Rodrigo Dias
As imagens que circularam nas redes sociais, no entanto, não mostram desacato ou violência por parte dos jornalistas, mas sim a conduta considerada “abusiva e autoritária” do prefeito. O caso resultou em ação judicial movida pelos profissionais contra Antônio Furlan.