Por RODRIGO DIAS
O sorriso de trinta anos de Jonathan dos Santos Santana, completados no último domingo (13), deu lugar a uma angústia desesperadora para sua avó e mãe de criação, Dona Maria Helena dos Santos Santana, de 74 anos, nesta quinta-feira (14)
Jonathan, que possui retardo mental e é cuidado pela avó desde bebê, desapareceu nas águas do Rio Amazonas, na orla do Araxá, em Macapá, na manhã desta quinta-feira (16).
Moradora do bairro do Beirol, Dona Maria Helena é o retrato da aflição. Enquanto equipes de busca se desdobram pelo rio, ela tenta entender o que levou o neto ao local, já que, segundo ela, Jonathan não costumava frequentar a orla.

Bombeiros fazem buscas. Foto: Rodrigo Dias
“O que que levou ele a vir pra cá? Eu não sei. Acho que alguém trouxe ele, porque ele não tinha costume de vir pra cá”, lamentou, com a voz embargada.
Em meio ao sofrimento, ela recorda as conversas que costumava ter com o neto, sempre o alertando sobre os perigos de sair com desconhecidos.
“Eu falava: ‘meu filho, não vai pra praia’. Ele dizia: ‘não, mãe, eu não gosto de praia’. Eu dizia: ‘onde tu tá, meu filho? Às vezes alguém te convida, não vai com quem te convida, meu filho. Vem embora pra casa, vem dormir. Tu tem uma casa boa, tu tem uma cama boa, então por que tu não vem dormir?’”, relembrou.
Segundo o relato de um homem que estava com Jonathan — e que foi entrevistado pelo portal SelesNafes.com —, os dois se encontraram durante a madrugada e começaram a ingerir bebida alcoólica. Ao amanhecer, decidiram seguir para a orla, onde continuaram bebendo cerveja.
Em determinado momento, resolveram “brincar” e entrar em uma canoa que estava amarrada. Foi nesse instante que Jonathan teria caído na água e desaparecido.

Dona Maria Helena: “Eu tenho esperança de encontrar”. Fotos: Rodrigo Dias
Dona Maria Helena confirmou que o neto tem necessidades especiais, com diagnóstico de retardo mental, e que recebe benefício.
“A médica me disse que é retardo mental. Eu cuido dele desde bebê. Ele foi atendido no Sarah, depois na prefeitura, e me deram toda a documentação dele de lá, com o diagnóstico”, contou.
Esperança
Apesar dos comentários sobre as dificuldades nas buscas — agravadas pela vazante do rio —, Dona Maria Helena se apega à fé.
“Eu tenho esperança de encontrar”, disse.
O sentimento da avó é de dor profunda e de clamor.
“Meu Deus, eu não aguento, meu Pai… meu filho, desse jeito… Oh, meu Deus, me ajuda, meu Pai. Tanto que eu te pedia, Senhor, tanto que eu fazia proposta com o Senhor…”, desabafou.

Bombeiros pertmanecem nas buscas. Foto: Rodrigo Dias
Até as 15h desta quinta-feira, as equipes de resgate seguiam mobilizadas na tentativa de localizar Jonathan dos Santos Santana. A família aguarda por notícias, sustentada pela oração e pela fé, no lar marcado pela angústia, no bairro do Beirol.