Por JORGE ABREU
O foragido da Justiça, Francisco Jardel da Silva Vilhena, o Jardelzinho, de 29 anos, é apontado pela Polícia Civil do Amapá como líder do Comando Vermelho (CV) no estado. As investigações indicam que ele está escondido na Rocinha, a maior favela do Rio de Janeiro.
A Amazônia se tornou alvo da expansão da facção, devido principalmente as suas fronteiras com os demais países, explica o delegado Estéfano Santos, titular da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO), da Polícia Civil do Amapá.
“O Comando Vermelho está aqui no estado desde 2014, e inspirou a criação de outras duas facções locais, são elas: a União dos Criminosos do Amapá, a UCA, e a Amigos para Sempre, a APS”, detalhou o delegado.

Francisco Jardel da Silva Vilhena, o Jardelzinho
“Houve uma expansão significativa do CV, nos últimos dois anos, por identificar o estado como rota para levar drogas e armas ao sudeste. A facção viu importância em dominar territórios no Norte, como Amapá e Roraima”, acrescentou.
Jardelzinho é o principal articulador do comércio de armas no Amapá, sugere a investigação. A Polícia Civil atribui a ele o arsenal da maior apreensão do estado. Ao todo, foram onze fuzis AK-47, três espingardas e um revólver, além de 70 quilos de crack.
As armas, encontradas em uma área de difícil acesso entre Santana e Mazagão, no dia 30 de setembro, seriam enviados ao sudeste, como mostrou o portal SN. Ninguém foi preso nesta ação, que foi conduzida pela Polícia Civil, com apoio das polícias Federal e Militar.
De acordo com o titular da DRACO, o Jardelzinho está foragido desde 2023 quando recebeu o benefício de saída temporária e não retornou. O criminoso, então, se mudou em 2024 para o Rio, onde recebe asilo da facção carioca.

Segundo a polícia, Jardelzinho é o responsável pelos fuzis apreendidos no Amapá

Delegado Estéfano Santos, titular da Divisão de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO)
“Nós prendemos Marquinhos e Shirley recentemente no estado do Maranhão, que ao lado de Jardel coordenavam essa logística do Comando Vermelho no Amapá. Com a prisão do casal, ele assumiu essa liderança mais proeminente”, afirmou Estéfano Santos.
Operação Contenção
Na terça (28), o governo do RJ deflagrou a megaoperação “Contenção” nos complexos da Penha e do Alemão para desarticular o CV. A ação policial, mais letal da história, resultou em 121 mortes, sendo 4 de policiais, e 113 presos, além da apreensão de 91 armas de fogo.
A força-tarefa mirou no combate ao narcotráfico e a expansão do crime organizado em demais estados, de acordo com o governo do RJ. Entre mortos e presos estão lideranças do Pará, Amazonas, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás, Mato Grosso e Espírito Santo.
Wesley Martins e Silva, vulgo “PP”, aparece na lista oficial de mortos divulgada pela polícia carioca nesta sexta-feira (31). Ele seria chefe do CV no Pará e estaria no Rio para se abrigar longe da investigação da polícia de seu estado natal, assim como fez Jardelzinho.
História do CV
A facção surgiu em 1979 no Instituto Penal Cândido Mendes, em Ilha Grande, a mais de 100 quilômetros da capital fluminense, pela união de presos comuns e militantes de grupos armados que combatiam o regime da ditadura militar.
O nome Comando Vermelho foi dado pela imprensa, que usava o termo para expressar o terror dos crimes financiados pelo tráfico de cocaína no Brasil, no período em que a Colômbia se tornou a maior produtora da droga no mundo.
Na Amazônia, a facção encontrou outros crimes para aumentar a sua “receita”, como o garimpo ilegal, desmatamento e o comércio de armas de fogo. Dessa forma, o CV conseguiu expandir nos estados, e também dentro dos presídios com a transferência de presos.
Em alguns estados, o Comando Vermelho domina. Em outros, apenas se faz presente. No Amapá, o CV disputa território com a FTA (Família Terror), braço do PCC (Primeiro Comando da Capital), hoje a maior facção do Brasil, que tem seu reduto em São Paulo.

