Da REDAÇÃO
Estudantes da Escola Estadual Esther Virgolino, na zona norte de Macapá, estão transformando óleo de cozinha usado em sabão ecológico e, ao mesmo tempo, aprendendo sobre empreendedorismo, sustentabilidade e química aplicada. O trabalho faz parte do projeto Sabão do Bem, criado há dez anos e reconhecido como uma das iniciativas educacionais mais inspiradoras da rede pública do Amapá.
A proposta começou de forma simples, com o objetivo de gerar renda extra para famílias de alunos e oferecer uma atividade produtiva dentro da escola. O diretor da instituição, Jack Corrêa, explica que a ideia cresceu rapidamente e se tornou referência em educação ambiental e social. “O projeto foi criado para auxiliar essas famílias e dar uma ocupação produtiva para os alunos. A iniciativa cresceu tanto que se tornou referência dentro e fora da escola”, destacou.

‘Ingredientes’ do Sabão do Bem

Após as aulas práticas, estudantes recebem orientações teóricas sobre química e sustentabilidade
Atualmente, o Sabão do Bem funciona em parceria com comércios e instituições que doam o óleo usado, transformado em sabão em barra, detergente, desinfetante e sabonetes. Parte do lucro obtido é reinvestida na própria oficina — chamada de “Fábrica de Sabão” — e na manutenção da estrutura escolar.
A professora de Química Alessandra Raiol é uma das principais responsáveis pela continuidade do projeto. Desde 2015, ela orienta turmas do ensino regular e da Educação de Jovens e Adultos (EJA), unindo teoria e prática em um processo de aprendizado completo. “Quando comecei a lecionar à noite, muitas alunas desistiam por questões financeiras. Então pensei: e se criássemos uma forma de gerar renda e, ao mesmo tempo, aplicar o conteúdo de química? Assim nasceu o projeto”, contou.
O trabalho segue o conceito de economia circular, reutilizando óleo que seria descartado no meio ambiente. “Nós nunca usamos óleo novo. Trabalhamos com a ideia de reaproveitamento e de consciência ambiental. Isso gera orgulho nos alunos e mostra o valor da ciência no cotidiano”, explicou Alessandra.

A professora de Química Alessandra Raiol coordena o projeto e orienta os alunos em todas as etapas de produção
Com o passar dos anos, o projeto se expandiu. Além da produção de sabão e sabonetes, os estudantes passaram a fabricar artesanatos, velas aromáticas, vasos e vassouras feitas com garrafas PET, consolidando a oficina como um espaço de criação e reciclagem. Os participantes também recebem certificação em Saboaria, Empreendedorismo e Marketing Digital, o que fortalece a formação técnica e profissional.
Mais do que gerar renda e promover sustentabilidade, o Sabão do Bem também tem um papel social. Parte dos recursos arrecadados é usada para custear a formatura dos alunos do 3º ano e manter o Natal Solidário, que distribui cestas básicas a famílias da comunidade escolar.

O Sabão do Bem completa 10 anos em 2025
Para a estudante Sara Letícia, de 15 anos, o projeto é uma oportunidade de aprendizado e transformação.
“Além de aprender, a gente pode fazer o sabão em casa e até vender. É bom para o meio ambiente e para quem quer começar a ter sua própria renda”, disse.

