Assédio sexual: nova sindicância é suspensa, e soldado é processada por oficial

Oficial acusado de assédio está pedindo R$ 38 mil de indenização
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ANDRÉ SILVA

O Tribunal de Justiça do Amapá (Tjap) determinou a suspensão da sindicância do Corpo de Bombeiros Militar (CBM) que apurava a postura de uma soldado ao denunciar, em rede social, um superior da corporação por suposto assédio sexual. Segundo o advogado da soldado Karla Samara, foi a quarta sindicância que ela e uma testemunha estavam enfrentando.

O advogado do oficial denunciado ingressou com uma ação acusando Samara de calúnia e difamação. Ele pede uma indenização de R$ 38 mil da soldado.

Segundo o advogado da soldado, Marlom Nery, o CBM abriu sindicância em que a soldado, ao invés de ser tratada como vítima, estaria respondendo a processo por “transgressão disciplinar” dentro da corporação, por ter feito uma acusação “teoricamente falsa de assédio sexual”.

Advogado da soldado, Marlom Nery Foto: André Silva

Nery supõe que a corporação teve essa postura por entender que não houve condenação do capitão Helder Sousa no caso. Ele acredita, no entanto, que o acordo oferecido pelo Ministério Público (MP), para suspensão do processo, e aceito pelo oficial, configura confissão de culpa assinada por ele. No acordo, o capitão se propôs a pagar 12 salários mínimos a soldado.

“Não dá para dizer nesta sindicância que não houve nada, porque houve. Eu não ia aceitar uma suspensão do processo se não houvesse algo”, declarou o advogado.

Ele disse que vai entrar com uma ação de reparação contra o acusado e contra a faculdade em que Samara estuda, pois ela teria sido impedida de defender sua tese de conclusão de curso com o tema “O Assédio Sexual no Corpo de Bombeiros”. Nery e a cliente acreditam que esteja havendo uma perseguição contra a soldado.

Advogado Diego Morpheu faz a defesa do capitão

A defesa

Diego Morpheu, advogado de defesa do capitão Helder Sousa, confirmou a suspensão da sindicância, e afirmou que pediu um novo procedimento, desta vez, para ela explicar o que de fato aconteceu, já que na sindicância aberta contra o capitão ele foi considerado inocente.

Na ação em que Samara alegava assédio sexual, o que houve, no entendimento do MP, foi uma importunação, segundo Morpheu.

Ele falou que após a assinatura do acordo proposto pelo MP, Karla Samara ofendeu o capitão em uma postagem no seu perfil no Facebook. O advogado acionou a Justiça contra Samara, alegando crime de calúnia e difamação.

“Ela cometeu um crime, porque ela não podia ter publicado tudo aquilo no Facebook. Quando ela publica aquilo, dizendo que ele é um assediador, a Justiça não viu ele como assediador”, considerou o advogado.

No total, Karla Samara vai responder a quatro processos, um cível, por uso do nome do capitão nas publicações em redes sociais; um criminal, por calúnia e difamação; à sindicância, e a um outro processo por uso da imagem do filho de 2 anos do capitão em uma das postagens no perfil dela no Facebook, sem autorização.

“Ela está disparando ódio para tudo o que é lado. Agora, é a hora dela ser ré” , falou Morpheu.

Além de Karla Samara, o capitão e a testemunha que Samara usou no processo, estão sendo acompanhados por psicólogos.

O caso

O caso vem se desenrolando há seis meses, mas somente no dia 26 de janeiro, a jornalista Karla Samara Costa dos Santos, que é soldado do Corpo de Bombeiros desde 2015, resolveu expor a situação no Facebook.

Em uma pequena nota, ela garante que sofreu assédio sexual do superior, o capitão Helder Souza, dos bombeiros.

Seles Nafes
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