O presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB, Maurício Pereira, e o advogado Constantino Brahúna Júnior, disseram, nesta sexta-feira, 21, que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) foi induzido ao erro ao afastar das funções o desembargador que também é corregedor do Tribunal de Justiça. E foram mais além, afirmando que o afastamento tem o objetivo de interferir no processo de sucessão da presidência do Tjap, cargo hoje ocupado pelo desembargador Luis Carlos Gomes dos Santos.
O desembargador Constantino Tork Brahúna, de 65 anos, foi afastado no último dia 18 pelo colegiado do Conselho Nacional de Justiça. Ele teria julgado processos em que o filho, Constantino Brahúna Júnior, teria atuado como advogado. O CNJ também abriu processo disciplinar e deve expedir uma espécie de resolução deixando claro que magistrados não podem julgar ações onde parentes tenham interesse. Além disso, o magistrado teria tomado decisões que dificultariam investigações no Ministério Público por meio de intercepções telefônicas.
O presidente da Comissão de Prerrogativas da OAB, Maurício Pereira, disse que o provimento que o desembargador assinou sobre intercepções telefônicas foi motivado por representações de advogados que estariam sendo ouvidos em escutas de forma indevida. O provimento fixou regras como, por exemplo, ser obrigatório que o magistrado confirme que o número de telefone é mesmo da pessoa que está sendo investigada.
Um desses advogados que teriam sido escutados indevidamente é Vicente Cruz, ligado ao PDT, e ex-procurador do município durante a gestão de Roberto Góes. Ele teria descoberto que estava sendo ouvido em escutas telefônicas, e que, alguém no MP, teria utilizado o número de telefone de um investigado por homicídio para obter a autorização judicial de grampo. “Estavam ocorrendo intercepções telefônicas indevidas através dos chamados enxertos. Indicaram o terminal de um investigado por homicídio, mas que na verdade é do advogado Vicente Cruz. Foi fraude processual, muito grave. Este advogado recorreu a OAB e à corregedoria do MP assim como outros advogados”, explicou Maurício Pereira.
Constantino Brahúna Júnior lembrou que o CNJ já tinha afastado o desembargador em outras duas oportunidades durante a disputa pela vaga do desembargo, há cerca de 3 anos, que acabou ficando com a juíza Suely Pini. A eleição no Tribunal de Justiça está marcada para o próximo dia 3 de dezembro. “O desembargador Constantino é o desembargador mais antigo na lista dos novos desembargadores. É natural que ele seja o novo presidente. Seu afastamento pelo CNJ foi o único artifício que tiveram para tirar ele dessa disputa beneficiando a juíza Suely Pini”, acusou o advogado.
O advogado e filho de Constantino Brahúna garantiu que não é investigado, e nunca atuou em processos julgados pelo pai. “Nenhum momento parte do relatório do CNJ trata desse suposto beneficiamento para o meu escritório. Eu desafio qualquer um a provar o contrário. Tudo falácia motivada por essa disputa”, disparou.
Os advogados de Constantino Brahúna vão ingressar com ação no Supremo Tribunal Federal, alegando, entre outras coisas, cerceamento do direito à defesa. Além de afastar o desembargador, o Conselho Nacional de Justiça abriu processo disciplinar contra ele.