Por RODRIGO ÍNDIO
Tinha tudo para dar errado. O autônomo Jucilan Lopes Teixeira e sua família sabiam disso — o que tornou aqueles 29 dias ainda mais angustiantes. Diabético e hipertenso, o homem de 46 anos ainda esbarrou na assistência hospitalar precária na luta contra o novo coronavírus.
Mas, com “fé”, neste final de semana ele teve a confirmação de que venceu a doença. Jucilan Lopes contraiu a covid-19 ao manter contato com seu sobrinho infectado. Ele procurou a Unidade Básica de Saúde do bairro Marabaixo, fez o teste de escarro, mas até hoje não recebeu o resultado.
Nesta segunda-feira (8) completou 32 dias desde o primeiro sintoma. Sem diagnóstico, no 8° dia os sintomas estavam intensos. Tinha muita tosse, fraqueza, dor no corpo e febre. A família custeou uma tomografia em uma clínica particular. O exame atestou que ele estava com 60% do pulmão comprometido pelo coronavírus.
“O rapaz da clínica nos orientou a procurar o hospital urgente. Fomos pro HE e o médico o internou de imediato. Ele ficou 6 dias no corredor, no calor, não tinha medicações, nós compramos muitas, como: clexane, tamiflu, aminofilina, e até mesmo soro porque não tinha pra diluir a medicação. Com outros 2 dias ele foi pra uma enfermaria, no dia em que veio o repórter nacional [Roberto] Cabrini”, comentou a filha, Vanessa Costa.
A dentista conta ainda que ela e o pai presenciavam óbitos com frequência no Hospital de Emergência de Macapá. Às vezes, os corpos ficavam embalados no corredor em meio a outros pacientes, por um período de 7 horas, até a funerária ir buscar. Jucilan Lopes tinha medo de ser o próximo. Foram horas e dias de muita oração.
Depois de ter visto a morte literalmente de perto, o autônomo fez uma outra tomografia, que desta vez atestou 25% do pulmão comprometido – uma redução nas lesões. No dia 24 de maio a médica plantonista orientou continuar o tratamento em casa, por causa do risco ser maior no hospital e por conta da carga viral.
Já na primeira semana de junho não apresentava mais nenhum sintoma da doença. Após mais uma consulta veio a boa notícia. Mesmo com todas as comorbidades e dificuldades de assistência médica, Jucilan havia vencido o vírus.
“Foram momentos difíceis, eu não conseguia nem dormir por conta dos fortes sintomas e do movimento [nos corredores do HE] dia e noite. Foram dias de luta. Sem as mínimas condições no hospital, mas com a graça de Deus eu venci e pude voltar vivo para minha família, para minha casa. Glória a Deus”, celebrou Jucilan.
Quem o acompanhou no HE também acabou se infectando, como a filha Vanessa. Todos estão em recuperação, mas com muita força e fé para, brevemente, também celebrar a vitória contra o inimigo invisível, assim como fez o patriarca da família.