Há cerca de dois anos, os moradores do conjunto Mucajá foram transportados de uma condição insalubre. Moravam numa vila que era um verdadeiro amontoado de barracos de madeira inclinados um por cima do outro. Abaixo não havia terra ou mato, mas um lago fétido de lixo e esgoto a céu aberto, restos mortais do que um dia foi uma área de ressaca às margens do Rio Amazonas. Ao serem transferidas para o conjunto novo, urbanizado e com quase 600 apartamentos, as famíias tinham a esperança de que a vida melhoraria. E melhorou, mas só a moradia. O lugar continua dominado pela violência. O mais recente caso, ocorrido na manhã desta sexta-feira, 10, deixou mortos dois jovens que moravam no mesmo apartamento. Uma das vítimas tinha apenas 15 anos.
O crime ocorreu às 5h10 da manhã. Vizinhos do apartamento 201, do bloco 7, chamaram a polícia pelo 190. Aos chegar ao local, os PMs encontraram Bruno Gonçalves Medeiros, de 15 anos, e Bruno Oliveira Borges, de 21 anos. Ambos foram assassinados a tiros. “A suspeita é de que as vítimas possam ter sido mortas por engano. É o mesmo bloco onde moram os assassinos de um outro caso ocorrido no bairro do Trem. Esses fugiram para o interior do Pará”, explicou um dos policiais da guarnição que atendeu a ocorrência. Por enquanto ninguém foi preso. No meio do cenário uma ironia. A tatuagem do garoto no braço direito é uma grande revólver.
O apartamento foi periciado logo nas primeiras horas da manhã e os corpos removidos para a Polícia Técnica. Não é possível confirmar quantos tiros mataram as duas vítimas que eram cunhados.
O Mucajá luta para perder a fama de lugar violento, mas vez ou outra o lugar volta às manchetes policiais. “A maioria aqui é de bem. São pessoas trabalhadoras, estudantes. Nosso bairro está tão marcado que os moradores daqui tem dificuldades de arrumar emprego quando apresentam o comprovante de residência”, relata um morador que não quer aparecer. Aliás, são poucos que concordam em mostrar o rosto no Mucajá, bairro de gente do bem.