Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA
Rosa Brito perdeu o filho, a nora e a neta no naufrágio do Navio Anna Karoline naquele fatídico 29 de fevereiro.
Ela veio de Belém para Macapá apenas para homenagear seus entes que se foram no naufrágio, mas encontrou o cemitério onde estão enterrados de portas fechadas – medida adotada pelo município como prevenção ao coronavírus.
Com várias histórias marcantes e fortes por trás de cada vítima no naufrágio, a de Dona Rosa chamou muita atenção. Ela perdeu o filho, o comerciante Helton Cardoso Ribeiro, então com 36 anos, a sua nora Samella Thayara Alves dos Santos, de 28 anos, e a netinha Maria Luisa Alves Ribeiro, de apenas 7 anos de idade.
O portal SelesNafes.Com contou essa história na matéria “Pai, mãe e filha: a família que cdescansou no Rio Jari”.
Tragicamente – e a Dona Maria fala com dor e revolta sobre as autoridades que foram negligentes nas buscas –, os restos mortais de Maria Luísa, a Malu, foram encontrados apenas em abril, quando o navio já tinha sido içado e rebocado para Santarém.
Enfim, Malu foi sepultada junto aos pais no cemitério São José, no Bairro Buritizal, zona sul de Macapá, e Dona Rosa, que quer inaugurar uma pequena capela que fez para o jazigo dos seus familiares, faz um apelo.
“Cheguei na quarta-feira, dia 28, justamente para o Dia de Finados. Tudo bem, que por causa dessa pandemia não seja aberto, até concordo, mas uma semana fechado? O cemitério não vive cheio de gente. Hoje eu concordo. Mas que amanhã seja aberto e controlem as visitações. Duas pessoas de cada família, não vai encher. Eu vim com a passagem na mão e mostrei para o administrador. Eu quero pedir, que faça a fiscalização para que não tenha tumulto dentro do cemitério, mas que uma pessoa ou duas, possam entrar”, pediu Dona Rosa Brito.
Cheia de emoção, ela chorou conversando sobre a saudade. Disse que pode fazer orações em qualquer lugar, mas que também gostaria, antes de voltar à Belém, que pudesse visitar os túmulos dos entes.
Movimento
Nos dois principais cemitérios da cidade, o Nossa Senhora da Conceição, no Centro, e o São José, receberam muitas visitas às suas portarias. Com educação, os funcionários respondiam que, lamentavelmente, não seria possível a entrada. Faixas relembravam ao público sobre a proibição.