Uma notícia veiculada esta semana em alguns sites de notícias gerou muitos comentários nas redes sociais e até certa inquietação na parte da população que menos acessa informação: a destruição da capital do Amapá por um vulcão no continente africano, a quase 7 mil quilômetros de distância. Geólogos consultados pela equipe do site consideraram essa possibilidade extremamente remota, e a notícia pura especulação de cientistas.
Dois cientistas das universidades de Londres e da Califórnia. Eles analisaram o risco de uma erupção do vulcão Cumbre, nas Ilhas Canárias, noroeste da África. O texto explica que o vulcão, que está a 2,5 mil metros do nível do mar, despertou pela última vez em 1949, e uma nova erupção causaria um megatsunami capaz e viajar todo o Atlântico e varrer o litoral brasileiro, incluindo o Amapá, “destruindo para sempre cidades inteiras”.
A notícia foi compartilhada nas redes sociais com a velocidade de uma tsunami. A maioria das pessoas não deu muita importância, mas teve gente que se assustou, como a doméstica Joana Santos, que nunca navegou nas redes sociais. “Muita gente já me disse que é verdade”, diz ela preocupada. Geólogos ouvidos pelo site SelesNafes.Com acharam absurda a afirmação dos cientistas e a própria notícia.
O geólogo Antonio Feijão, consultor e pesquisador, chegou a publicar um artigo depois que a notícia “viralizou” nas redes sociais. Segundo ele, o vulcão fica a 6,7 mil quilômetros de Macapá e, apesar da preocupação dos dois cientistas, por mais que fosse possível prever que o vulcão entrará em erupção, existem muitas variáveis nos cálculos da magnitude da destruição.
Para Feijão, a afirmação dos cientistas é mais parecida com uma profecia. “Com todo respeito aos geólogos e vulcanólogos que fizeram esses estudos, há centenas de variáveis que precisam ser inseridas e consideradas em seu modelo de previsão catastrófico. Mas o mais importante nesse momento é uma questão, à moda Garrincha, e perguntar se eles, os cientistas, combinaram com Deus o que irá acontecer com o Vulcão Cumbre Vieja, na Ilha de La Palma”, comentou o geólogo.
Entre as variáveis, estão a própria distância entre o vulcão e Macapá, além de poderosas correntes marítimas e o relevo no caminho da possível super onda, como o arquipélago do Marajó, que funcionaria como uma barreira natural. “O que chegaria aqui seria uma pequena pororoca”, garante o geólogo.
O presidente do Instituto de Estudos e Pesquisas Científicas do Amapá, o também geólogo Wagner Costa, diz que mensurar a escala de destruição é pura especulação. “Assim como afirmar que o vulcão entrará em erupção. “A possibilidade da erupção existe, mas em que ano isso pode acontecer e a intensidade é especular demais. Se fosse uma possibilidade concreta nós seríamos avisados oficialmente. Se isso acontecer um dia, horas antes de uma possível onda chegar aqui”, conclui.