Por RODRIGO ÍNDIO
A Polícia Civil do Amapá não descarta a hipótese de que a arma do policial militar Ranolfo da Silva Alcântara, de 30 anos, falhou durante sua reação ao assalto que resultou em sua morte na última quarta-feira (5).
A informação foi repassada em coletiva de imprensa concedida nesta sexta-feira (7) pelos delegados Fábio Araújo, delegado-geral em exercício, e Celso Pacheco, titular da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP), que investiga o caso.
Eles detalharam a dinâmica de identificação, localização e prisão dos criminosos.
Investigação
A investigação teve início após o fato e, mesmo complexa, terminou menos de 24 horas depois. Logo surgiram dois nomes de possíveis suspeitos nas redes sociais, mas foram descartados pela inteligência, já que um está hospitalizado e outro se apresentou na delegacia com álibi coerente.
Mais tarde, com análise detalhada da filmagem, foi identificado um dos verdadeiros autores, por suas características físicas e um detalhe, a ponta de uma tatuagem. Além dele, foi identificado seu comparsa.
“Uma das pistas cruciais também é que 41 presos haviam saído temporariamente para trabalhar. Destes, dois não retornaram. O que somou mais um indicio. A prova final foi que no local de trabalho o detento pediu dispensa naquele dia. Com isso, chegou-se ao outro nome também”, disse Araújo.
Na madrugada foi feito o pedido de prisão preventiva da dupla, precavendo fugas para fora do estado.
Pela manhã, Leandro Nascimento da Silva, de 23 anos, apresentou-se, acompanhado do advogado. Já Jamerson Silva Benjó, de 25 anos, que é apontado como o atirador, foi preso na casa de um familiar em Santana, após a denúncia de um informante.
As provas foram levantadas e formalizadas. Os envolvidos ficaram calados em depoimento. Contudo, o delegado Fábio Araújo destacou que a confissão é uma prova extra, mas não principal ou fundamental, ou seja, não atrapalha no processo de condenação.
Ambos foram indiciados no crime de associação a organização criminosa, latrocínio, porte ilegal de arma de fogo e, ainda, estão sendo verificado outros crimes que cometeram após este fato.
Arma do militar
Para o delegado Celso Pacheco, não há dúvidas de Jamerson atirou duas vezes e atingiu o policial militar e outra vítima no laboratório. A arma utilizada no crime, assim como as roupas usadas pelos assaltantes, ainda não foi encontrada pela corporação.
Já a arma e as munições do militar estão na Polícia Científica para perícia de avaliação de mecanismo. O armamento é de uso restrito da PM.
“Quem vai nos apontar [se falhou] é o laudo técnico, é uma prova técnica pra dissipar qualquer situação que venha ser colocada em relação a falha desse armamento. Pra nós é uma prova técnica, uma prova importante. Mas, nós não podemos aqui emitir qualquer juízo de valor nesse momento, até porque essa arma e essas munições estão do departamento de Polícia Científica. Mas há a suspeita da falha”, falou Pacheco.
A dupla foi encaminhada ao Iapen. O inquérito policial será concluído e remetido ao Ministério Público no prazo de 10 dias, conforme a lei. Já os laudos periciais devem ficar prontos em até 30 dias.