Por RODRIGO ÍNDIO
Uma trama de romance, ciúmes e crime organizado foi o que resultou na morte do filho de um policial. É o que aponta a Polícia Civil do Amapá ao concluir a investigação de ato infracional que apurou a participação de três adolescentes na execução de Clyver Kauã Soares Lima, de 14 anos. Por serem menores de idade, os nomes dos envolvidos não podem ser divulgados.
A vítima foi morta por volta de 6h da manhã do dia 14 de maio de 2020, às margens do canal da Rua Hamilton Silva, no Bairro Beirol, na zona sul de Macapá. Segundo a polícia, o crime foi planejado por um grupo, com a participação direta da então namorada de Clyver.
Na época, a Delegacia de Homicídios começou a apurar o caso e constatou que o autor do crime era um adolescente de 16 anos. Por isso o caso foi encaminhado à Delegacia Especializada na Investigação de Atos Infracionais (DEIAI), que se aprofundou sobre os fatos.
De acordo com o delegado Marko Scaliso, que presidiu a investigação, que durou mais de 1 ano, foi possível a quebra de dados do principal suspeito e da namorada da vítima, o que gerou 16.837 laudas de mensagens. Isso mostrou como foi a trama criminosa.
“A vítima foi convidada para uma ‘resenha’ e compareceu. Por volta de 6h da manhã, essa vítima recebeu uma mensagem de um 2° adolescente, também identificado, pedindo para comprar cigarro. Com isso, a vítima pegou sua bicicleta e seguiu até onde compraria o cigarro, porém, no meio do caminho houve uma emboscada, sendo alvejada por dois disparos de arma de fogo”, detalha Scaliso.
Durante a apuração, foi possível constatar que o autor dos disparos foi o ex-namorado da então namorada da vítima. A jovem foi responsável em apagar as provas e teve um ato surpreendente.
“Constatou-se que, na verdade ela [namorada], no mesmo dia [do assassinato] reatou o seu namoro com o ex-namorado, o autor do crime”, destacou o delegado.
Foi possível comprovar, ainda, que um adolescente, a quatro dias de completar 18 anos na época do fato, foi quem mandou mensagem para Clyver Kauã Soares. Ele também estava combinado com o autor. A motivação seria possíveis ciúmes.
A arma do crime não foi encontrada. Todos os três envolvidos integram um grupo que recolhe o lucro da mesada de uma organização criminosa, apontou a investigação.
O delegado representou pela busca e apreensão provisória dos adolescentes, o Ministério Publico ratificou. Porém, a juíza do caso entendeu não ser necessário a apreensão provisória dos três. A justificativa da magistrada foi o fato de o crime ter ocorrido em 2020. Contudo, eles vão responder na Justiça por homicídio e organização criminosa.
Ao esclarecer o caso, o delegado Marko Scaliso orienta a população.
“Faço apelo aos pais: que acompanhem seus filhos, acompanhem a amizade e se chegar a qualquer constatação que seu filho realmente já está envolvido com o crime, procure a delegacia que a gente vai tomar todas as medidas para que no futuro não aconteça o que aconteceu delegado”, finalizou.