Por HUMBERTO BAÍA, especial para o Portal SN
A surf na pororoca não é mais realizado no Amapá, mas os atletas continuam desafiando a onda mais longa do mundo no município de Chaves (PA), que sediou o 25° Festival da Pororoca, entre os dias 3 ao 7 de junho. Ao todo, 20 surfistas de todo o Brasil participaram do evento, acompanhados de vários veículos de comunicação. Mais de 200 pessoas estiveram envolvidas na organização.
A 25° edição coincide com o aniversário da cidade de 268 anos. Durante as festividades, corrida de cavalo, futebol e “luta marajoara” fizeram parte da programação. Atualmente, a pororoca de Chaves é uma das maiores do Brasil, e também umas das mais perigosas. As ondas oscilam em 1 e 3 metros, levando o surfista a ficar por mais de 20 minutos na mesma onda.
“Uma experiência fora do normal”, disse um surfista que participou do evento.
Organização
Noélio Sobrinho, um dos organizadores do festival, diz que só foi possível realizar o evento graças ao apoio do governo do Estado do Pará e da prefeitura de Chaves. O evento é organizado pela Associação Brasileira de Surf na Pororoca (Abraspo).
Antes de caírem na água, os iniciantes recebem instruções de um surfista sênior. Raylan Correia, de 12 anos, é de Chaves.
“Estou animado e quero aprender a surfar na pororoca”, avisou.
Inclusão
Um dos surfistas mais experientes é Carlos Carneiro, o “Carioca”, de 63 anos. Atleta do Ceará, ele já surfou em vários locais como El Salvador, Taiti e no Havaí.
Depois de hesitar de cair na pororoca por dois dias, por achar extremamente perigoso, ele se rendeu.
“Mas já cheguei até aqui em Chaves, e não vou deixar essa passar depois de pagar a onda! Foi irado. Bebi muita água, mas deu pra pegar a onda e tô feliz e vivo para contar história”, comemorou Carneiro.
Economia em movimento
Durante o evento, a cidade também é beneficiada com o grande fluxo de surfistas, jornalistas e turistas. Bares, hotéis e restaurantes são bastante disputados. Dalva Santos é proprietária de um pequeno restaurante.
“É uma oportunidade de fazer um dinheirinho extra. Com certeza a gente gosta”, confirmou.
Meio ambiente e turismo
Há mais de 6 meses o evento vem sendo formatado entre os estados do Pará e Amapá. Do Amapá é que saem 80% da logística que vai para Chaves. Marcelo Sá produziu palestras ambientais sobre gestão de resíduos sólidos e cuidou do translado turístico do evento.
A todo momento durante a programação, vários voluntários participaram de um arrastão que arrecadava resíduos deixados no meio ambiente. Essa ação simbólica faz parte do trabalho de conscientização de quem participou da oficina de surf. A comunidade participou ativamente durante esses trabalhos.
Projetos para o Amapá
A próxima etapa do projeto é levar o evento para o Amapá, que há mais de 20 anos realizou uma etapa do circuito de surf na pororoca no rio Araguari, que já foi uma das maiores pororocas Brasil.
No entanto, a pororoca do rio Araguari deixou de existir, segundo especialistas, devido ao assoreamento do manancial causado pela pecuária de búfalos e desmatamento.
O que é a pororoca
Pororoca são as ondas em rios ou canais que ocorrem na Amazônia. Trata-se de um fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas do Oceano Atlântico. A palavra tem origem no tupi “poro’roka”, expressão que identifica as árvores sempre quebradas pela força da onda.
Fotos: Rogério Fernandes, Lukas Sitta e Humberto Baía