Atualizada às 16h58 de 04/07/2023
Por IAGO FONSECA
O motorista responsável pela colisão que resultou na morte do cabeleireiro e empresário Eldo Duarte, 42 anos, busca um acordo com o Ministério Público para evitar uma eventual punição mais severa. A informação é da família da vítima, que está acompanhando o processo.
Edielson Duarte, irmão do cabeleireiro, informou que a defesa do motorista Miguel Ângelo do Rosário Almeida Filho, de 40 anos, estaria oferecendo a alternativa de prestação de serviços comunitários em troca da suspensão do processo, evitando assim um julgamento da ação penal.
Na prática, o acusado quer se livrar de um processo por homicídio doloso, o que o levaria a um júri popular com possibilidade de sentença de prisão.
O advogado que ajuda na acusação explicou à família que o inquérito policial foi concluído e aguarda encaminhamento para a justiça, enquanto o Ministério Público analisa a possibilidade de um “Acordo de Não Persecução Penal” (suspensão do processo) ou seguir adiante com a denúncia.
No entanto, a família de Eldo e o advogado de acusação acreditam que essa medida não é a mais adequada para o caso, considerando as numerosas testemunhas e as imagens de câmeras que supostamente comprovariam a culpa do motorista. Por isso, estão determinados a levar o caso adiante.
“É ridículo a pessoa pagar serviço comunitário sendo que ela tirou a vida de uma pessoa”, afirmou Edielson.
Eldo era presente em sua família. Empresário de shows musicais e de um salão em parceria com seus irmãos, o cabeleireiro visitava seus pais idosos a cada dois dias para levar alimentos e acompanhar o bem-estar deles.
“Minha mãe vive chorando pela partida do meu irmão e, agora, a gente se redobra pra cuidar dos nossos pais e ir levando a vida”, reforça.
Sendo a fonte de renda dos irmãos, o salão ainda funciona, mas a demanda diminuiu com a morte de Eldo, pois a simpatia e popularidade dele levava ao empreendimento grande parte da clientela.
Eldai Monteiro Duarte, de 41 anos, também irmão de Eldo, lembra que trabalhar com o cabeleireiro era uma alegria, mas a ausência trouxe dificuldades, pois o empresário era quem cuidava das mídias sociais e propaganda da sociedade do salão que funciona há muitos anos na Avenida Feliciano Coelho, no Bairro Trem, zona sul de Macapá.
“Trabalho ficou difícil. Tipo: agora funciona apenas uma parte do salão, a outra foi embora. Muitos clientes que ele atendia não vieram mais. Ele fazia a parte de mídia e era o que ele sempre gostava. Às vezes, fico no aguardo dele chegar, mas nunca mais chega”, lamenta.
A morte de Eldo
A colisão ocorreu na manhã do dia 18 de fevereiro, na rotatória da Rodovia Josmar Chaves Pinto com a Rua Marola Gato. Era um sábado de carnaval.
Tudo foi registrado em câmeras de residências e empreendimentos próximos. Nas imagens, é possível verificar que o condutor do veículo, Miguel Ângelo do Rosário Almeida Filho, de 40 anos, avançou a preferencial, colidindo com a motocicleta guiada por Eldo.
As filmagens mostram que o condutor desceu do veículo e se livrou do que parece ser uma garrafa verde. Quando viu Eldo no chão, fugiu do local sem chamar a emergência.
Em abril, sob entendimento do juiz José Castellões Neto, da 3ª Vara da Justiça do Amapá, de que Miguel Ângelo não oferece risco ao andamento do processo e nem à ordem pública, o pedido de prisão preventiva feito pela Polícia Civil foi negado.