Por IAGO FONSECA
Um dos principais pontos de movimentação da economia regional, o porto Igarapé das Mulheres, na orla leste de Macapá, permanece abandonado com o assoreamento por lama e lixo. Além de local de chegada e saída para comerciantes ribeirinhos, o igarapé também é parte da história e cultura amapaense.
A área privilegiada recebe diversos tipos de mercadorias como açaí, banana, farinha e peixe. Porém, pela dificuldade em atracar embarcações de grande porte, parte desses produtos são redirecionados para a área portuária de Santana, a 20 km dali. Isso impacta nos custos, já que os comerciantes e feirantes têm que se dirigir até o município vizinho.
A última grande limpeza do igarapé iniciou em 2013, quando o Mercado do Pescado foi inaugurado, mas não foi concluída, segundo o presidente da Associação dos Feirantes do Perpétuo Socorro, Abimael de Souza, de 53 anos. Para ele, o assoreamento, somado aos impactos da pandemia, prejudicam os negócios.
“Nós estamos 100% prejudicados. Tanto nós quanto os pescadores. Hoje eles não têm mais acesso à feira do pescado, por isso ela está transformada, a clientela se afastou”, lamentou Abimael.
Segundo a associação, diversas reivindicações foram feitas ao longo dos anos, porém, o cenário piora a cada dia. O Portal SelesNafes.com retratou a situação do Igarapé das Mulheres em julho deste ano, mostrando os impactos do lixo aos comerciantes de diversos segmentos da área.
“Hoje a dificuldade de se fazer a compra em Santana é o horário. Saímos meia-noite de casa para lá, retornamos às 6h da manhã. Temos aqui mais de 200 famílias que fazem o movimento direto e indireto nesse mercado, fora os mais de 800 pescadores que precisam desse acesso. Almejamos demais que olhem pela gente e façam a escavação desse canal, até o recolhimento de lixo é precário”, concluiu o feirante.
Questionada pelo portal, a Secretaria da Zeladoria Urbana de Macapá afirmou que possui cronograma para a limpeza dos canais antes do período chuvoso e que planeja um trabalho educacional para a integrar a população com políticas públicas.
“A prefeitura tem orçamento restrito, procuramos parcerias e por isso focamos na limpeza dos canais. Vamos começar o trabalho preventivo a partir de 6 de novembro no canal do Beirol, uma frente de trabalho deve iniciar no Perpétuo Socorro até o dia 12”, afirmou o secretário municipal da Zeladoria Urbana, Helson Freitas.
Por outro lado, a Secretaria de Estado de Transportes (Setrap) afirma que elabora um estudo ambiental para realizar a dragagem de três pontos importantes na capital: o porto do Igarapé das Mulheres, o canal do Jandiá e as proximidades do trapiche Santa Inês.
“Estamos trabalhando com levantamento de custos para maquinário. Não temos estrutura para esse serviço, temos que contratar. É uma dragagem que a cada ano deve ser feita e estamos trabalhando para que a gente possa, até dezembro, fazermos o processo para iniciar a primeira dragagem no Bairro Perpétuo Socorro”, informou o secretário de Transportes do Amapá, Além de local de chegada e saída para comerciantes ribeirinhos, o igarapé também é parte da história e cultura amapaense.
O planejamento para retirada dos sedimentos demanda levantamento técnico e licenças ambientais para a execução dos serviços, segundo a Setrap.