Por JONHWENE SILVA, de Santana
Alterações diárias cada vez maiores no preço têm causado prejuízo ao bolso dos milhares de consumidores de açaí na cidade de Santana, segundo município mais populoso do Amapá, estado onde o alimento que faz parte da mesa diária do trabalhador em todas as classes.
Apesar de ficar mais próximo de onde vem a maior parte do fruto coletado nas ilhas paraenses, município portuário tem experimentado altos preços nesse período chuvoso do ano, quando o preço da saca costuma ser mais elevado. A variação, que tem assustado o consumidor, em alguns locais já chegou a custar R$ 30 na cidade.
Ednelson Ferreira, que comercializa o produto, explica que quando chove nas ilhas vizinhas, os apanhadores de açaí não sobem nas palmeiras, causando a escassez, e, naturalmente, a consequente alta no preço.
“Eu, por exemplo, compro dos ribeirinhos quando eles deixam aqui na rampa do açaí. Daí, eu revendo para os donos de batedeiras. A dificuldade é essa que o ribeirinho, que é quem sobe no açaizeiro, não quer subir quando está chovendo. Aí, o açaí fica mais caro”, confirmou o atravessador.
Segundo os donos de amassadeiras, este ano a saca do açaí chegou a custar R$ 500 – aproximadamente 50% mais caro que o normal. Dessa forma, Radson Carvalho, que é batedor, explica que o valor do litro do produto não pode ser menor que R$ 30, caso contrário é prejuízo na certa.
“A gente precisa fazer muita matemática para poder ter um lucro. Por exemplo, se a gente compra uma saca de açaí, a gente vai conseguir fazer apenas vinte litros e vamos vender a trinta reais. O lucro será de no máximo cem reais. Isso é complicado, porque temos despesas com energia, funcionário”, justifica Radson.
Outro fator apontado como causador do aumento é o mercado movimentado pelas fábricas. Com alto poder aquisitivo, elas compram de atravessadores mais robustos quase todo o estoque que eles trazem dos ribeirinhos. Com isso, o produto que viria para Santana, acaba sendo destinado para exportação, causando escassez novamente.
“Além desse fator chuva, tem a concorrência com a geleiras (barcos) que compram diretamente e vendem para as fábricas que comercializam o açaí para outros países. Ai o açaí não chega na cidade”, afirmou Ednelson Ferreira.
A dona de casa Regiane Santos afirma que acostumou três os filhos a almoçar sempre tendo como acompanhamento do açaí. O costume faz ela sentir no bolso a dificuldade para ter o produto todos os dias na mesa.
“Quem sofre é o pai deles, que compra. Não tem sido fácil, porque sem o açaí eles não comem. Ficamos preocupados, porque se não tiver açaí, não tem acordo. O meu marido já viu o peso no bolso. Precisa se organizar no orçamento”, explica Regiane.
Nesta quinta-feira (29), em Santana, a saca do açaí chegou a ser vendida por R$ 350, por isto em alguns estabelecimentos, o litro foi relativamente mais barato que outros dias: entre R$ 12 e R$ 25 – contudo, ainda longe de um preço mais próximo da realidade da população.