Por SELES NAFES
Uma operação da Prefeitura de Macapá para remover empreendedores que trabalham na Praça Jacy Barata, localizada na orla da cidade, resultou em confusão na última segunda-feira (20), durante o feriado da Consciência Negra. Um dos empreendedores foi preso pela Guarda Civil Municipal (GCM), e a família dele anunciou hoje que registrará denúncia na corregedoria da instituição.
Os empreendedores registraram parte da abordagem em vídeos amplamente compartilhados nas redes sociais. Os empreendedores afirmam que um fiscal da prefeitura deu um tapa em um deles, gerando um bate-boca que levou à intervenção da GCM.
Durante a discussão, uma guarda armada com fuzil e pistola ofendeu um dos empreendedores com xingamentos:
“Porra, caralho, fodido da porra”, disse ela, antes de dar voz de prisão ao trabalhador por desacato. Pouco depois, o rapaz, de 24 anos, aparece sendo imobilizado por vários guardas, o que gerou indignação entre os presentes.
A família do jovem, que trabalha há quatro anos com brinquedos de parquinho na praça, acusa a Guarda Civil de abuso de autoridade e uso excessivo de força, alegando que a abordagem poderia ter sido fatal.
“Eles chegaram dizendo que estavam autorizados pelo Ministério Público a atirar com balas de borracha caso reagíssemos. Não os destratamos em nenhum momento, apenas filmamos para garantir nossos direitos. Tentaram sufocar meu filho, segurando-o pelo pescoço. Poderiam ter matado ele”, afirmou Marle Miranda, mãe do rapaz e empreendedora. Nem a Guarda, nem a prefeitura fizeram pronunciamentos a respeito da ação de ontem.
Fiança de R$ 1 mil e interesses
Após a prisão, o trabalhador foi levado ao Ciosp do Pacoval, onde foi acusado de desacato. O delegado de plantão fixou fiança de R$ 1 mil, que foi paga pela família. O rapaz foi libertado à noite.
Os empreendedores afirmam que a prefeitura está priorizando trabalhadores ligados a duas associações que, segundo eles, teria sido agraciados pela prefeitura com exclusividade para explorar a Praça Jacy Barata.
Na manhã desta terça-feira (21), representantes dos trabalhadores foram recebidos pela prefeitura, que determinou um prazo de 10 dias para que empreendedores não cadastrados pelas associações deixem o local.
“Essas associações estão colocando os filhos e parentes deles. Nós queremos pagar todas as taxas, mas não somos autorizados a trabalhar”, criticou Marle Miranda