Por RODRIGO DIAS
A mulher que armou uma emboscada, com ajuda de comparsas, para matar uma “amiga”, que estava grávida, foi condenada pela Justiça do Amapá. Os cúmplices também foram sentenciados à prisão.
O crime, ocorrido em 30 de agosto de 2022, chocou o município de Vitória do Jari pela crueldade com que foi executado – e na presença do filho de apenas 7 anos da vítima.

Geane, considerada peça-chave na emboscada, foi condenada a 22 anos e 6 meses de prisão

Sabrina Alves de Souza tinha 21 anos
Geane Lobato Corrêa, Jheymerson Santos Souza e Júnior Duarte Jardim, foram julgados pelo brutal assassinato de Sabrina Alves de Souza, assassinada aos 21 anos, quando estava gestante.
As penas impostas pelo juiz Luiz Gabriel Verçoza, da Vara Única de Vitória do Jari, somam mais de 81 anos de reclusão. Geane, considerada peça-chave na emboscada, foi condenada a 22 anos e 6 meses de prisão. Jheymerson e Júnior receberam, cada um, a pena de 29 anos, 5 meses e 15 dias de reclusão. Todos cumprirão as sentenças em regime fechado.

Assassinos usaram essa pequena rabeta branca para chegar e fugir do local do crime
Segundo a Denúncia do Ministério Público, Sabrina foi assassinada com mais de 20 facadas dentro de sua casa, localizada na Passarela Yone, no bairro Comercial. A investigação apontou que o crime foi motivado por uma dívida relacionada ao tráfico de drogas, estimada entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. A vítima vinha sendo ameaçada por integrantes da facção criminosa UCA, à qual os réus também pertencem.
A Polícia Civil, por meio de uma investigação conduzida pelo delegado Erivelton Clemente, da Delegacia de Vitória do Jari, elucidou o caso em apenas uma semana. Geane, que se dizia amiga da vítima e tinha envolvimento com o tráfico, teve participação determinante: acolheu e escondeu os executores, que saíram de Laranjal do Jari e não conheciam Sabrina pessoalmente. Geane também abasteceu a embarcação usada para transportá-los até o local do crime.

Celulares e facas usados para matar Sabrina
Encapuzados, os assassinos invadiram a residência, arrombaram a porta e atacaram Sabrina, que estava de toalha, sobre a cama, após o banho. A criança de 7 anos que presenciou o crime até hoje recebe acompanhamento psicológico. Ela está sob os cuidados da avó.
A promotora de Justiça Marcela Balduino sustentou a acusação, integralmente acolhida pelo júri. Os réus foram condenados por homicídio qualificado – por motivo torpe e por impossibilitar a defesa da vítima –, por integrarem organização criminosa e pelo crime de aborto, em razão da gestação da vítima.

A promotora de Justiça Marcela Balduino sustentou a acusação de homicídio qualificado

Equipe de acusação
Apesar das condenações, o MP-AP informou que irá recorrer da sentença para contestar o reconhecimento de uma atenuante aplicada ao mandante do crime, buscando uma resposta penal mais compatível com a gravidade dos fatos.
Os mandantes do assassinato, apontados como líderes da facção, já se encontravam presos no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), em Macapá. Além dos condenados, outros envolvidos foram identificados, com pedidos de prisão e apreensão já solicitados.