O prefeito de Laranjal do Jari, Bode Queiroga (PMDB), divulgou carta onde diz que foi gravado de forma clandestina pelo advogado Marcelo Leal, mas nega que tenha recebido de volta parte do dinheiro pago em honorários advocatícios. O Tribunal Regional Eleitoral do Amapá (TRE) já começou a apurar o caso, já que um juiz eleitoral foi citado na conversa gravada. O relatório apontando se existem ou não indícios de crime, ficará pronto na semana que vem.
Na carta, Queiroga negou que precisasse ajustar qualquer tipo de pagamento a juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). E informa que levou o caso ao conhecimento da OAB.
O áudio de 17 minutos de conversa se espalhou pela rede Whatsaap. Nele, Marcelo Leal cobra o pagamento integral de honorários, mas o prefeito diverge, e diz que precisa pagar outro escritório de advogados em Brasília, além de um juiz eleitoral.
O site SelesNafes.Com não localizou o advogado Marcelo Leal para comentar o assunto. Ele atuou em processos para desbloquear contas da prefeitura de Laranjal.
O presidente da OAB, Paulo Campelo, informou que ainda não recebeu qualquer ofício do prefeito de Laranjal do Jari.
“Vou esperar até amanhã (quarta-feira). Se não ocorrer, o Estatuto da OAB me permite instaurar procedimento de apuração”, adiantou Campelo. “Ao que tudo indica houve quebra da relação de confiança entre cliente e advogado, mas isso será melhor apurado”, acrescentou. Se for comprovado que houve conduta anti-ética, a punição vai de advertência à cassação do registro da Ordem.
O presidente disse ter conversado com o advogado Marcelo Leal. Ele admitiu que fez a gravação, mas negou que tenha vazado o áudio. “Ele disse que fez isso como medida de segurança”, revelou Campelo.
Comissão
A Comissão de representantes do TRE, Ministério Público, Associação dos Magistrados e da OAB montada pelo tribunal para apurar indícios de crime, se reuniu na noite da última segunda-feira, 28, e já tomou o depoimento do advogado Marcelo Leal e de outras pessoas. Os nomes não foram divulgados.
A comissão também requisitou documentos, como os dois processos que culminaram na cassação do prefeito de Laranjal do Jari, Zeca Madeireiro. Com a cassação dele, por compra de votos em 2012, Bode Queiroga, que era terceiro colocado na eleição, foi quem assumiu o comando do município, já que o segundo colocado, Barbudo Sarraf, também teve a candidatura cassada pelo mesmo motivo.
“Me reservo a não comentar os depoimentos, mas dependendo do relatório que concluiremos na próxima segunda-feira, 5, poderemos encaminhar ou não o caso para a Polícia Federal”, informou o presidente do TRE, desembargador Carlos Tork.