JÚLIO MIRAGAIA
Com a chegada do mês de dezembro, as viagens de curto, médio e longo prazo são postas em prática. Algumas planejadas ao longo de todo o ano, outras decididas em cima da hora. Viajar para longe ou para perto é um hábito que ajuda a tirar o estresse e, nesse período, recarrega as forças para o novo ano que virá.
A vontade deste que vos escreve era de estar num barco, atravessando de Marudá para Algodoal, com uma cervejinha na mão. Porém, a realidade deste sábado de sol é o plantão. Ponho umas músicas no Youtube para escutar: Elói Iglesias, Nilson Chaves, Wanderley Andrade, Planeta Amapari. Elas conseguem me transportar pelas lembranças até outros dezembros.
Este que vos fala é também pouco conhecedor dos caminhos de estradas, matas e rios do estado o qual passei a maior parte da vida, interrompido apenas por uma década, morando em Belém do Pará.
Ilha de Cotijuba, em Belém-PA. Fotos: Júlio Miragaia
Sou tão pouco conhecedor do próprio rio que o livro de poemas que publiquei em 2014 se chama “O Estrangeiro de Pedras e Ventos”, justamente por pouco saber dos caminhos da região.
Nos dez anos morando em Belém, dois foram os lugares em que preferi ir mais de duas vezes para recarregar as energias. Na verdade algumas muitas vezes. As ilhas de Algodoal e de Cotijuba. Diferentes em inúmeros aspectos, os dois lugares apresentam lindas praias e boas recordações da vida.
Em tempos de incertezas, políticas, ideológicas, econômicas e filosóficas, e com a pior delas, a incerteza dos rumos gerais que 2017 poderá tomar, recarregar as energias é necessário, viajando ou não.
Viajar para dentro de si, organizar a respiração, olhar para a realidade, uma alegoria grosseira porém com traços de autenticidade de Balck Mirror com House of Cards, e buscar otimismo, apesar das adversidades.
A travessia de Marudá para Algodoal também é uma boa representação entre a vida e nossas aspirações. De travessias, eu tenho tido a impressão, a vida é feita, em caráter permanente.
