Por SELES NAFES
O deputado federal Vinícius Gurgel (PL) comandou politicamente o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) durante os últimos 5 anos, atravessando dois governos: final da gestão Dilma (PT) e Temer (MDB). O ex-superintendente preso hoje (27) pela Polícia Federal, Fábio Vilarinho, é amigo pessoal do deputado.
A PF cumpriu dois mandados de prisão preventiva, e sete de busca e apreensão na Operação Pedágio. Vilarinho e o atual superintendente, Odnaldo de Jesus Oliveira, ambos presos, são acusados pela PF e MPF de cobrar até 3% de propina para agilizar pagamentos a empreiteiras em obras de rodovias federais no Amapá.
O PR (hoje PL) nacional foi aquinhoado nos últimos dois governos com as indicações no Ministério dos Transportes.
Foi o Dnit que contratou a duplicação do trecho urbano da BR-210, a construção de passarelas e serviços de manutenção em estradas sem pavimentação.
Os contratos envolvem dezenas de milhões de reais, e sempre foram usados nas propagandas políticas de Vinícius Gurgel como obras realizadas pelo mandato.
Apesar de não ser o alvo da investigação, Gurgel tem consciência do quanto a prisão do amigo respinga sobre a imagem de seu mandato. Tanto é que enviou um advogado para a sede da PF para monitorar o que estava ocorrendo.
“Estou 100% tranquilo. Lamento muito pela prisão dele. É meu amigo, mas não tenho qualquer envolvimento, e nem tive meu nome citado na investigação. Não houve nenhum cumprimento de mandado para a minha casa, nem gabinete”, comentou ele ao Portal SelesNafes.Com, na tarde desta quinta-feira, horas depois da Operação Pedágio.
Sem indicação política
Na casa do atual superintendente foram apreendidos cerca de R$ 40 mil em dinheiro, mas a justiça ainda determinou o bloqueio de R$ 22 milhões em bens dos dois investigados.
Odinaldo de Jesus Oliveira é o primeiro superintendente do Dnit que não é indicação de um partido político. No Amapá, aliás, nenhum órgão federal é ocupado por legendas locais. Em maio, no entanto, Vinícius Gurgel tentou retomar o controle sobre o Dnit, mas a investida não deu certo.
Todas as indicações de órgãos federais têm sido feitas diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), ou militares por ligados ao seu governo.