GTA buscará o corpo de cacique Wayãpi na sexta-feira (2)

A equipe do GTA também realizará buscas afim de encontrar invasores ou rastros
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Um dos helicópteros do Grupo Tático Aéreo (GTA) da Secretaria de Segurança Pública do Amapá (Sejusp) irá se deslocar até a terra indígena Wayãpi, no município de Pedra Branca do Amapari, região central do Amapá, nesta próxima sexta-feira (2), para buscar o corpo do cacique Emyra Wayãpi.

O planejamento da operação consiste em realizar a exumação do corpo, trazê-lo para a capital Macapá, realizar a autópsia (que deverá durar cerca de duas horas) e depois retornar com o corpo para a terra indígena Wayãpi. O procedimento, estranho aos costumes da cultura Wayãpi, foi autorizado pelos indígenas.

Cacique Emyra Wajãpi foi morto durante o fim de semana. Foto: reprodução

Na ocasião, a equipe do GTA também irá realizar buscas afim de encontrar invasores ou rastros que os mesmos possam ter deixado, já que as diligências do final de semana não contaram com apoio aéreo.

O anúncio foi feito pelo procurador do Ministério Público Federal (MPF) Rodolfo Lopes, na tarde desta quarta-feira (31), na sede do MPF em Macapá, durante a oitiva de dois indígenas da etnia Wayãpi.

“O helicóptero parte nessa sexta-feira bem cedo e essa perícia é fundamental para que, a partir do laudo, nós possamos entender qual foi a dinâmica dos fatos”, declarou o procurador Rodolfo Lopes.

Mesmo contrário às suas tradições, Waiãpis decidiram pela exumação do corpo. Foto: ascom senador Randolfe

Japu Wayãpi e Jawaruwa Waiãpi

Os Wayãpis Japu Wayãpi e Jawaruwa Waiãpi (vereador de Pedra Branca do Amapari pelo partido REDE) se dirigiram voluntariamente ao MPF para ajudar nos esclarecimentos dos fatos ocorridos desde a semana passada, com o relato de uma invasão das terras indígenas por garimpeiros e com o homicídio do cacique Emyra Wayãpi.

Os indígenas foram acompanhados no MPF pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE) que na terça-feira (30) esteve na região das aldeias Wayãpi para verificar, in loco, a situação das comunidades indígenas após toda a repercussão do caso.

Na ocasião foi relatado que uma das pessoas que encontrou o corpo de Emyra Wayãpi foi sua esposa e que foi o seu filho que percebeu as marcas de violência. Quando outros indígenas viram invasores em suas terras, a associação da morte com um homicídio se tornou lógica.

MPF avalia que perícia é fundamental para investigação. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

As lideranças informaram, ainda, que três testemunhas oculares de invasores em suas terras, irão até à sede do MPF nesta próxima sexta-feira (2) contar o que viram e as circunstâncias, para ajudar na elucidação do caso. Um deles será o filho de Emyra Wayãpi e outros dois da aldeia de Yvytotõ, justamente a comunidade que foi sitiada pelos invasores, segundo o relato indígena.

Apina

Nesta quarta-feira (31), o Conselho das Aldeias Indígenas Wayãpi (Apina), emitiram mais uma nota pública onde relatam um novo flagrante de invasores em suas terras. Segundo a nota, um jovem da aldeia CTA teria visto um homem de camisa mangas compridas na cor preta lhe apontando o que parecia ser uma espingarda, calibre 12 automática.

O homem tinha cabelos crespos grandes e barba. A nota relata que como estava anoitecendo, o jovem chamou outros índios que perceberam duas trilhas distintas, mas não as seguiram por conta da noite.

Todas as aldeias próximas foram avisadas e os índios montaram esquemas de vigilância por todo o trecho da rodovia BR-210 dentro da terra indígena Wayãpí.

Seles Nafes
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