Por OLHO DE BOTO
Um dos suspeitos de participar da morte do caseiro Walmir Manoel de Souza, de 58 anos, que foi executado próximo da chácara onde trabalhava, na Comunidade de Ilha Bela, a 50 quilômetros de Macapá, apresentou-se à Polícia Civil na tarde desta sexta-feira (28), três dias após o crime.
Acompanhado de uma advogada, Jonatha da Silva Oliveira, de 20 anos, prestou depoimento ao delegado Felipe Rodrigues da Silva, da Delegacia do Interior, localizada no Bairro Santa Rita, região Central de Macapá. Ele era vizinho da vítima.
Jonatha apontou um amigo conhecido como Ruan como sendo o autor do disparo que atingiu a vítima na cabeça. Esse segundo suspeito ainda não foi localizado. Segundo o apurado pela polícia, Jonatha e Ruan são filhos de outros caseiros da região.
Após depoimento, Jonatha foi encaminhado para exame residuográfico (que identifica ou não vestígios de disparo de arma de fogo nas mãos). Por ora, ele vai responder ao processo em liberdade.
Versões
De acordo com o delegado Felipe Rodrigues da Silva, que tomou o depoimento de Jonatha, o acusado nega participação e atribuiu a autoria do crime a um outro rapaz que bebia em sua companhia no dia do crime.
“Ele diz que estavam bebendo numa maloca em frente a casa da vítima desde 16h, e por volta de 19h, o rapaz que estava na sua companhia saiu e retornou após 40 minutos já dizendo que havia rendido a vítima e que iria levá-la para o buraco (local onde o corpo foi encontrado). E o Jonatha alega que não foi junto com ele e que escutou, de longe, um disparo”, relatou o delegado sobre o depoimento.
Segundo o delegado, Jonatha afirmou que o crime foi cometido para roubar. O delegado confirmou que uma arma, um relógio, um cordão e o celular da vítima foram levados.
“Ambos [Jonatha e o segundo suspéito] estão sendo investigados pelo crime de latrocínio”, ressaltou o delegado Felipe.
Harlan Aguiar, advogado do patrão de Walmir, disse que além dos objetos, a quantia de R$ 700 também foi levada. Ele analisou que o crime foi premeditado.
“Eles eram vizinhos, conheciam a rotina da vítima. Contaram uma mentira para que o Walmir prendesse os cachorros e eles pudessem entrar na propriedade, fizeram ele ingerir bebida alcóolica forçadamente, e entregasse a arma de fogo e o dinheiro que ele ganhou vendendo carvão e água para os moradores da redondeza. No mínimo, ele [Jonatha] é coautor”, alegou o advogado.
Indignação e justiça
Ao saber que o acusado tinha se apresentado, familiares e amigos da vítima foram para a frente da Delegacia do Interior. Eles fizeram uma manifestação pacífica pedindo celeridade na apuração do caso e justiça para o crime cometido.
Maria Araújo, amiga da vítima, disse que Jonatha costumava visitar Walmir e até fazer refeições junto com ele. Ela indignou-se ao saber que, passado o flagrante do crime, o acusado seria solto para responder em liberdade.
“Conhecia o Walmir há mais de 15 anos. Era uma pessoa maravilhosa, trabalhadora, generosa, nunca fez nada para merecer uma morte assim. Não tinha inimizade com ninguém. Por isso, pedimos justiça. Ele [o acusado Jonatha] confessou que matou o Walmir de forma cruel, isso não pode ficar impune. Ele não pode ficar solto, ele torturou o Walmir, isso é desumano. Pra ele foi muito fácil esperar passar o flagrante e sair daqui livre, enquanto a vítima está morta. É revoltante”, declarou Maria Araújo.
As investigações sobre o caso prosseguem com a equipe da Delegacia do Interior.