Por RODRIGO ÍNDIO
Nas andanças diárias do Portal SelesNafes.Com atrás da notícia me deparo com muitas cenas inusitadas, que vão além da pauta. Algumas me fazem ter mais esperança na vida e no ser humano. Outras, porém, são impublicáveis e nem gostaria de dividir com vocês, pois os faria mal também.
Cada pauta é uma história que entra na minha “moringa jornalística”, mas prefiro reservar espaço para as lembranças boas. Estas, faço questão de compartilhar com vocês e nas rodas de bate-papo das poucas horas de folga que o ofício me permite.
No meio de um mundo cada vez mais conturbado e visualmente poluído para onde olhamos, é o simples que mais me chama a atenção. É de lá quem vem a inspiração. No último fim de semana, trafegava pela orla no bairro Perpétuo Socorro, correndo atrás de uma notícia policial, chamou-me a atenção um cão que estava aproveitando a sombra de uma árvore e fui fazer o mesmo já que aguardava a ligação de uma fonte.
Quando estacionei o veículo, o animal de porte grande, mas de semblante triste, me olhou e começou a uivar e depois a latir. Imaginei, o que poderia estar lhe incomodando, seria minha presença ou seria um pedido de ajuda?
Mesmo na dúvida, segui até um mercantil e lhe comprei água e ração. Retornei e coloquei próximo a ele. Meio desconfiado, o cão não se moveu enquanto eu o olhava. Então virei as costas, caminhei um pouquinho e ele, faminto, enfiou o focinho devagarinho na sacola com ração e começou a comer.
Fiquei apenas olhando e pensei: “estava com fome, né, sacana”. Cheguei perto e ele balançou o rabinho como um agradecimento, talvez.
Fiz registro dele bebendo água. Depois fiquei vendo-o comer. Quando cheguei mais perto, vi que formigas de fogo estavam por todo seu corpo. Fui até o rio, peguei água e joguei para tirar os insetos. O cão ficou aliviado.
Depois de uns 5 minutos seguiu pela orla mancando, acho que foi vítima de um acidente. Encontrou outros cães, ficou brincando e depois deitou.
Moral da história, mesmo com pressa não prejudiquei meu dia de trabalho por ajudar a quem precisava e estava bem ali ao lado, sofrendo. Apesar de simples, tenho certeza que o gesto mudou o dia daquele cachorro, que nem sei se tem um abrigo de dono ou mora na rua.
Assim, precisamos ser com os animais e com as pessoas. Às vezes, uma mão amiga pode ser apenas um empurrão para ajudar a levantar a cabeça e seguir em frente.
Depois da pauta, retornei e percorri toda a extensão da orla, mas não encontrei o cachorro novamente. Mas senti o meu dia muito mais leve em poder ajudá-lo. Sem querer, ajudei a mim mesmo. Por isso pergunto: o que você já fez de bom por seu próximo hoje?