Pastor de Macapá é preso por abusos sexuais

Jeremias Barroso recebeu voz de prisão enquanto prestava depoimento na DCCM.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

Acusado de abusar de dezenas de jovens garotas, fieis da ordem religiosa que comanda em Macapá, a Igreja Getsemani, o pastor Jeremias Barroso, foi preso na tarde desta sexta-feira (19), pela equipe da Delegacia de Crimes Contra da Mulher (DCCMP).

Ele recebeu voz de prisão na própria DCCM. Enquanto prestava depoimento, chegou à delegacia o mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça do Amapá a pedido da Polícia Civil.

Pastor prestava depoimento quando chegou a ordem de prisão. Fotos: Marco Antônio P. Costa/SN

Além da prisão, os agentes da DCCM também cumpriram um mandado de busca e apreensão na residência do líder religioso. Eles apreenderam um computador, HDs, pen drives e celulares.

A prisão preventiva de 30 dias é o primeiro fato contundente sobre o caso, que chocou a sociedade amapaense. Em janeiro, o Portal SelesNafes.com revelou o caso em que mulheres, todas muito jovens, relataram abusos chocantes.

A Igreja Getsemani fica localizada no Bairro Perpétuo Socorro, periferia na zona leste de Macapá.

Indiciamento

O pastor Jeremias foi indiciado por crime de violação sexual mediante fraude. Segundo a delegada Marina Magalhães, que preside o inquérito policial sobre o caso, as diferentes vítimas relataram a mesma maneira de agir do pastor para conseguir consumar os abusos.

Delegada Marina Magalhães conduz as investigações

“Ele se utilizava da condição de pastor, ludibriava as vítimas, se aproveitava da confiança que elas se aproveitavam nele, para abusar sexualmente delas. As vítimas acreditavam que ele estava fazendo aquelas coisas [os abusos] para orar por elas”, explicou a delegada.

Em depoimento, o pastor Jeremias negou as acusações. Segundo a delegada, ele deve ser transferido para o Instituto de Administração Penitenciária ainda nesta noite de quinta-feira.

Pastor declarou à imprensa que provará sua inocência e que é vítima de perseguição

Na saída da delegacia, a caminho da Polícia Técnico-Científica (Politec) para exame de corpo de delito – procedimento que antecede a entrada na penitenciária –, o pastor declarou à imprensa que provará sua inocência e que é vítima de perseguição.

Ele sugeriu que “um advogado de um milhão de reais” poderia estar por detrás do caso e que também está sendo uma vítima por “pregar a palavra e a verdade”, numa referência ao seu ofício de pastor.

Investigação

A delegada Marina Magalhães contou que trabalhou em parceria com o Ministério Público do Amapá e que as investigações foram feitas com muita precaução.

Segundo ela, a apuração contra o líder religioso iniciou em julho de 2020, quando três mulheres, todas jovens e fieis frequentadoras da Igreja Getsemani, procuraram a polícia e denunciaram os abusos.

Jeremias Barroso é o fundador da Igreja Getsemani. Foto: Divulgação

Foi aberto um inquérito e no decorrer das investigações várias outras vítimas surgiram – sobretudo depois que o caso foi levado ao conhecimento da opinião pública, através da imprensa.

“O inquérito foi concluído em dezembro e foi remetido ao Ministério Público. A partir de então, outras vítimas começaram a surgir e a Polícia Civil juntamente com a coordenadora do Gaeco, doutora [promotora] Andreia Guedes, começamos a trabalhar em conjunto e pedimos a prisão preventiva do pastor e a busca apreensão, para caso tivesse alguma prova em computadores e celulares que levasse a outros crimes”, declarou Marina Magalhães.

Mais vítimas

O número de vítimas pode ser muito maior. A polícia também investiga denúncias que chegaram até a DCCM depois que o inquérito foi concluído. De acordo com a delegada, se elas forem comprovadas, um novo inquérito pode ser aberto.

Seles Nafes
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