Por RODRIGO ÍNDIO
Por anos, o “calçadão” da orla de Macapá, que compreende os Bairros Cidade Nova e Perpétuo Socorro, na zona leste, viveu em ruínas. No fim de 2020, a revitalização do Complexo do Jandiá trouxe um pouco de alento para o espaço. Porém, segundo populares, em menos de três meses, parte da obra já apresenta problemas.
Com a força das águas, que provoca erosão, os blocos de concreto estão desmoronando, as crateras aumentando, o asfalto cedendo e o perigo retornando. Esse trecho danificado fica na Rua Beira Rio, entre a Unidade Básica de Saúde (UBS) do Cidade Nova e a Praça do Kite.
Para Durval Carvalho, de 56 anos, que reside na comunidade há quase duas décadas, o serviço foi mal executado. O autônomo acredita que a pressa na entrega fez o trabalho ficar sem qualidade.
“Tudo mal feito, e o resultado tá aí. Tem que vir logo reparar, se não vai piorar. Eles têm que jogar é concreto aí e isolar. Terra a água leva. E, aqui, muita gente passa para ir pra esse posto de saúde”, opinou o morador.
Um vigilante de um prédio público, que pediu para não ser identificado, disse que viu a obra e detalhou que jogaram carradas de terra e passaram o cimento por cima.
“Foi bem aí onde roubaram esses ferros mesmo. Quando teve essa água grande agora levou foi é tudo de vez. Aí vai ficar pior, vão ver”, opinou.
O portal SelesNafes.com foi em busca de repostas.
Ex-gestão
O ex-secretário de obras do município, David Covre, disse que não se trata do mesmo trecho em que a PMM realizou intervenção no final do ano passado. Segundo ele, naquela ocasião, esse trecho não apresentava desmoronamento da calçada e não passou por reparos.
“Fizemos a intervenção na orla do Jandiá até a Feira do Pescado, porém, não em toda ela. Foi nesse perímetro, mas em trechos alternados, porque o critério era das calçadas desmoronadas. Onde tinha calçada desmoronada, a gente fez a recuperação paliativa do arrimo e reconstituição da calçada para garantir trafegabilidade e segurança dos pedestres”, disse Covre.
Ainda segundo o ex-secretário, não era de responsabilidade do município a obra do muro de arrimo e que essa competência cabia ao Governo do Estado, que por não conseguir realizar a obra, o município fez a intervenção urgente.
“Os serviços realizados buscavam remediar os transtornos até que o município disponha dos recursos suficientes para resolução definitiva”, ressaltou Covre.
Para ele, o entendimento é que essas intervenções paliativas devam ocorrer como serviço continuo já que todo o muro demanda um volume muito alto de recursos a serem investidos em sua recuperação ou reconstrução.
Atual gestão
Procurada, a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura informou, em nota, que tem conhecimento sobre o desmoronamento da calçada no Complexo do Jandiá. Ressaltou que a empresa responsável pela obra já foi notificada pelo ocorrido.
“A Semob avalia junto com os seus técnicos o que de fato ocorreu, trabalhando com duas hipóteses, falha no dimensionamento dos projetos ou na execução”, diz a nota.
A pasta concluiu detalhando que o local já foi isolado e pediu à população que não retire a sinalização para a garantir a segurança das pessoas até que o reparo seja realizado.