Por RODRIGO ÍNDIO
A Polícia Civil do Amapá prendeu as duas mães, de 20 e 22 anos, que deixaram 7 crianças abandonadas, nuas, famintas, desidratadas e trancadas em um casebre repleto de lixo no Bairro Marabaixo 4, zona oeste de Macapá. As crianças foram resgatadas na tarde do dia 4 de junho de 2021 e o caso ganhou grande comoção social no estado.
A prisão ocorreu na manhã desta sexta-feira (2), em via pública na Rodovia AP-440, conhecida como Ramal do KM-09, também na zona oeste.
As irmãs Cleiciane Lopes Costa [4 filhos] e Cleudiane Lopes Costa [3 filhos] já haviam sido indiciadas no dia 11 do mês passado por maus-tratos, abandono de incapaz e cárcere privado. Se condenadas, podem pegar até 8 anos de prisão.
Segundo o delegado Ronaldo Entringe, titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), após os indiciamentos, as irmãs passaram a ameaçar conselheiros e assistentes sociais do Conselho Tutelar da zona oeste, que fizeram o flagrante e estão ligados ao caso.
“Elas duas, com ajuda de outra pessoa [mulher], foram na sede do Conselho Tutelar e fizeram as ameaças. As vítimas vieram na delegacia, tomamos o depoimento delas e representamos pela prisão preventiva das duas mulheres. Hoje demos cumprimento com base na decisão judicial. Elas já vinham sendo monitoradas”, comentou o delegado.
As mães foram também indiciadas por coação no curso do processo, por subtração de incapaz, por terem obrigado a irmã de 14 anos a tomar conta das crianças, e abandono intelectual, porque sequer matricularam os filhos na escola.
O delegado detalhou ainda que as irmãs realizavam programas sexuais, segundo informou a mãe delas e avó das crianças.
“Em algumas das crianças, a certidão de nascimento consta a paternidade, mas em outras, não há. Apareceu um homem dizendo que era pai de uma das crianças, mas a mãe não quis mencionar o nome dele no registro de nascimento”, contou Entringe.
Cleiciane e Cleudiane foram levadas ao Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen), para o presídio feminino, e estão à disposição da Justiça.
O caso
O flagrante de abandono foi feito no dia 4 de junho pelo conselheiro tutelar Helton Luiz e contou com o apoio da Polícia Militar e Guarda Municipal após denúncia da vizinhança.
No local não existia recursos básicos como água potável, alimentos, fogão e nem geladeira. As crianças, com idades entre 3 e 7 anos, estavam com uma adolescente de 14 anos, que é tia delas. Um dos meninos é portador de autismo.
Na época, a Polícia Civil detalhou que as mulheres não retornaram para casa porque estavam em uma espécie de sítio, no Ramal KM-09, comunidade vizinha ao Bairro Marabaixo 4.
Somente depois do fim de semana após o flagrante foi que a polícia conseguiu localizá-las. O delegado tomou o depoimento delas na tarde de segunda-feira (7).
No dia do resgate foi necessário serrar a grade protetora da porta para amparar os meninos e meninas. A irmã das suspeitas, além de não ter a chave do imóvel, também tentou esconder a verdadeira idade, e disse ter 17 anos. Ela recebia estas instruções das irmãs, segundo repassou o delegado Entringe.
Crianças
Após receberem os primeiros atendimentos e cuidados no Conselho Tutelar da zona oeste, as crianças foram encaminhadas para o Abrigo Casa Lar Ciã Katuá, onde estão até a presente data.