Inflação: tudo mais caro também no Amapá

Em Macapá, o peso da inflação é sentido nos supermercados, nas mesas, dispensas e geladeiras do povo.
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

A inflação está no ar e não teve jeito, o amapaense, assim como o restante do povo brasileiro, já sente o retorno da alta de preços em diversos produtos, incluindo a cesta básica, que está 22% mais cara.

O reflexo está nas mesas, dispensas e geladeiras do povo amapaense. O quilo da alcatra está sendo comercializado a R$ 42, o filé de peito de frango a R$ 16,89, o botijão de gás acima de R$ 100 e o litro da gasolina acima de R$ 5,10, chegando a R$ 5,35 em alguns postos – e ainda é a gasolina mais barata do Brasil.

O Portal SelesNafes.com foi aos supermercados pesquisar, conversar com clientes e também consultou o economista Charles Chelala, que explicou as causas da escalada da inflação no Brasil e como ela atinge, principalmente, os mais pobres.

Supermercado

O casal Débora Rocha, de 35 anos, e Ricardo Silva, de 23 anos, sentiu o peso do supermercado no orçamento. Eles preferem comprar as proteínas, carne bovina e frango, semanalmente, para irem controlando melhor o dinheiro. Onde até bem pouco tempo atrás, coisa de meses, gastavam cerca R$ 80, agora gastam mais de R$ 130.

Débora Rocha e Ricardo Silva sentiram o peso do supermercado no orçamento

“A carne é com certeza o mais caro, semanalmente sobe e o valor está exorbitante. É ir para o frango mesmo, que também está mais caro, escolher um peixe mais barato e ir pro ovo, tem dias que é o ovo mesmo. A gente vai passando as coisas no caixa, o preço vai aumentando, e a gente nem sabe o que comprou”, declarou Débora, que é nutricionista, ao lado do companheiro Ricardo, que é auxiliar administrativo.

Carnes têm altas semanais de preço

Pimentão, tempero importante de diversas receitas, também foi um item que surpreendeu

Um pimentão vermelho, apenas um deles, estava sendo comercializado a R$ 6,86

Mesmo a saída de recorrer ao ovo, não está tão barata assim. Em um supermercado da capital, a cuba com 30 ovos vermelhos está custando R$ 23,99. A de ovos brancos R$ 15,49. Em outro mercado, de outra importante rede, o preço dos ovos era o mesmo.

O pimentão, tempero importante de diversas receitas, também foi um item que surpreendeu. Um pimentão vermelho, apenas um deles, estava sendo comercializado a R$ 6,86. Em comparação ao pimentão, até que os cinco bifes, pequenos, de apenas 210 kg, saindo por R$ 9,21, nem pareceram tão caros assim.

Mesmo a saída de recorrer ao ovo…

… não está tão barata assim

Causas da inflação

O economista Charles Chelala falou ao Portal SN e apontou os três principais motivos para a inflação neste momento.

“O Brasil vive uma alta inflacionária que é principalmente resultante de uma política econômica equivocada do governo Bolsonaro, que não atuou para minimizar essas causas. Primeiramente, o que aconteceu foi que num cenário de relativa retomada das atividades econômicas no mundo, aumentou muito a demanda mundial por produtos que o Brasil produz e a demanda externa acabou atraindo a venda desses produtos no exterior, e acabou faltando produtos no país. Isso aconteceu com o óleo de soja, que dobrou de preço, por exemplo”, declarou o economista.

Charles Chelala, economista

Outro elemento, também apontado pelo economista como problema da política econômica do Brasil, é a desvalorização do real.

Segundo Chelala, dentre as moedas que realmente importam no mundo, o Real foi o que mais desvalorizou. Outro fator é resultado de uma combinação do dólar sobrevalorizado com a política equivocada de precificação dos combustíveis da Petrobrás. Isto resultou em aumentos acumulados de lubrificantes e combustíveis, que dependem da variação da moeda americana. Quando aumentam os combustíveis, o impacto é sentido em todos os demais preços.

Dados da inflação

O pão, por exemplo, também sente o efeito da desvalorização do real e da alta do dólar, porque o trigo que o Brasil utiliza é majoritariamente importado.

Por fim, há o problema climático. A falta de chuvas deixou os níveis dos reservatórios baixos e fez com que a energia termoelétrica, de geradores a diesel, tenha sido acionada em maior escala. Como é uma energia mais cara que a hidroelétrica, todo mundo paga o pato e uma energia elétrica mais cara em todo o país.

Pobres sofrem mais

A inflação ataca principalmente os pobres. O economista também explicou que é como se fosse uma espécie de imposto que é cobrado sobre os mais pobres.

Itens da cesta básica não param de subir

“A inflação para as pessoas mais pobres tem sido 30% maior do que a inflação para as pessoas de classe média alta e para os mais ricos. Por que? Porque os produtos de consumo em percentual maior da população mais pobre foram os que mais aumentaram. Energia elétrica, gás de cozinha, que só esse ano teve um aumento de 29%, a gasolina, carne, leite e derivados, alimentos como um todo tiveram crescimento elevado. A inflação acaba sendo um imposto, um tributo, que só recai ou recai de maneira mais forte sobre os mais pobres. Os salários estão congelados, se os preços se elevam, as pessoas vão se tornando mais empobrecidas, é como fosse um imposto”, comentou Chelala.

Já a renda dos mais ricos, pessoas que tem várias fontes e não dependem de salário, defendem sua renda em outras aplicações, como fundos de renda fixa, fundos de capital, mercado de câmbio, são menos afetadas pela inflação.

Derivados do leite são influenciados pel

Governo federal

Embora não seja tema recorrente nas declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ele admitiu o problema da inflação e disse contar com a fé, a vontade e a crença para que o problema seja superado.

“O povo tem sofrido com isso, tem inflação, tem desemprego, tem dias realmente angustiantes. O que eu posso dizer aos senhores: com fé, com vontade, com crença, nós podemos superar esses obstáculos”, declarou o presidente, no Pará, no dia 18 de agosto.

Seles Nafes
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