Kátia Silva: filho chama de “absurda” versão de policial

Defesa de Leandro da Silva Freitas, então namorado da vítima, tem levantado a tese de uma terceira pessoa na hora do disparo. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN
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Por MARCO ANTÔNIO P. COSTA

O assassinato da empresária Ana Kátia Almeida da Silva, de 46 anos, ocorrido no dia 8 de julho de 2020, ainda segue sem um desfecho por parte da justiça amapaense. Nesta quinta-feira (2), foi realizada a 6ª e última audiência de instrução que irá decidir, dentre outras coisas, se o réu Leandro da Silva Freitas, policial civil de 29 anos, irá a júri popular.

Leandro chegou a ser preso em flagrante após a morte de Kátia e em novembro de 2020 ele começou a cumprir prisão domiciliar. Nesta última audiência, o policial civil foi interrogado e negou ter feito o disparo que ceifou a vida de Kátia. A defesa de Leandro Freitas sustentou a tese da existência de uma terceira pessoa na hora do disparo. Teria sido o filho da empresária, que ao tentar desarmar Leandro dentro do carro teria, acidentalmente, feito o disparo que lhe atinge de raspão e depois atingiu Kátia.

Acusado pela morte de Kátia Silva, o policial civil Leandro da Silva Freitas alega que t3eria sido o filho da empresária quem efetuou os disparos. Foto: arquivo

A versão da defesa de Leandro Freitas tem causado indignação na família de Kátia, que desde o fatídico dia tem se destacado no ativismo contra o feminicídio no Amapá.

Notadamente, o filho de Kátia da Silva, Kadú Deocleciano Almeida Ribeiro, de 25 anos, demonstrou indignação e classificou como “absurda” e “desesperada” a tentativa da defesa.

Kadú falou ao Portal SelesNafes.com e contou a sua versão sobre o que ocorreu na noite de 8 de julho de 2020, em sua casa.

Era aniversário da esposa de Kadú, e o casal recebia alguns convidados em sua casa. Sua mãe estava com Leandro de Freitas, com quem teria um relacionamento. Em dado momento, Kadú saiu com Leandro Freitas no carro de Leandro, para comprar comidas e bebidas. No retorno, já na frente da residência da zona sul da Macapá, Leandro teria sacado a sua arma para fora do carro e realizado dois disparos para o alto. Sem nada a falar e receoso, o ato teria sido o suficiente para estragar o clima festivo.

Além disso, assustados, vizinhos ligaram pra a Polícia Militar que foi até o local da festa. Após averiguação de se tratar de um policial, a continuidade da comemoração foi liberada e a arma de Leandro ficou com ele.

Para família da empresária, versão do policial é absurda. Foto: Marco Antônio P. Costa/SN

Os convidados foram indo embora até que restassem apenas Kadu, sua esposa e filho, Kátia, Leandro e um sobrinho e um amigo de Leandro. Algumas horas depois, quando todos estariam dentro da casa, exceto Kátia da Silva e Leandro Freitas, o disparo foi escutado e todos correram para a frente da casa.

Em frente à casa, teriam encontrado Kátia baleada, jogada no chão, ao lado do carro de Leandro, na direção do banco traseiro. Leandro estaria no banco de trás, sentado, com a arma na cintura.

“Ela estava caída no chão, na calçada, muito ensanguentada, sem responder. Quando vi minha mãe praticamente sem vida, eu só pensei em tirar a arma do policial, porque do jeito que ele estava eu tenho certeza que a tragédia ia ser muito maior”, contou Kadú.

Advogado Osny Brito: exame residuográfico nas mãos de Kadú Deocleciano atestou positivo

O policial não quis entregar a arma, mas Kadú contou ter conseguido pegar dele. Estas duas testemunhas, o sobrinho e o amigo de Leandro Freitas, teriam mudado a sua versão. Na delegacia no dia do assassinato, teriam contado a verdade, mas agora estão alegando que não se lembram do que ocorreu.

“O sobrinho dele foi quem o segurou em casa para ele não fugir. Ele o pressionava contra o muro e ficava indagando: ‘o que que tu fez? Por que tu fez isso?”, contou Kadú.

A família acha a versão absurda e espera justiça.

“Nunca ninguém chegou pra mim e perguntou se eu poderia ter tirado a vida da minha mãe. Isso pra mim é um absurdo e é o desespero de quem fez um crime covarde, bárbaro e quer se esconder a qualquer preço. Ele tem que pagar pelo o que ele fez. Nossa luta vai ser eterna contra a violência contra a mulher”, finalizou o filho de Kátia Silva.

Defesa

O advogado de defesa de Leandro Silva, Osny Brito, afirma que o disparo foi realizado por Kadú.

“Ressaltamos que foi realizado exame residuográfico nas mãos de Kadú Deocleciano e atestou positivo nas mãos direita e esquerda, exames da Politec-Ap, neste sentido, Kadú está com a arma logo após o crime, conforme gravação do circuito de filmagem do vizinho”, declarou Orny.

Outro ponto que a defesa sustenta, era que Leandro e Kátia não tinham relacionamento, fato que seria corroborado pelo fato de que Katia salvou o número do celular apenas 3 dias antes da sua morte. A família esclareceu que Kátia tinha trocado de número recentemente.

Nos próximos dias, após o pronunciamento também do Ministério Público, a juíza Lívia Simone Cardoso, publicará sua decisão sobre o caso.

Seles Nafes
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