Aluna de escola pública alcança 1º lugar entre 30 mil inscritos no concurso da PM

A estudante, que é filha de uma professora e um oficial militar, também foi aprovada no concurso do Corpo de Bombeiro Militar do Amapá.
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Por RODRIGO ÍNDIO

Aos 21 anos, Graziely Juane Souza dos Santos é o retrato de brasileiros que acreditam que a educação pode transformar o mundo. A amapaense viu em concursos públicos a oportunidade de mudar seu futuro e inspirar outras pessoas.

Com essa determinação, ela foi a 1ª colocada no certame para soldado da Polícia Militar do Amapá. Ficou à frente de, nada mais, nada menos que 30 mil inscritos.

E as conquistas não pararam por aí. O aprendizado, adquirido a vida toda em escola pública, também levou Graziely para a aprovação no concurso para soldado do Corpo de Bombeiros Militar do Amapá, prova de alto nível, que nem sequer teve aprovados suficientes para completar o cadastro reserva. Os resultados foram divulgados na última sexta-feira (19).

A jovem prodígio é filha de uma professora e de um tenente da PM. Aplicada desde a adolescência nos estudos, cursa o 7° semestre do Curso de Direito na Universidade Federal do Amapá (Unifap), vaga conquistada através do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Estagia na Justiça Federal, oportunidade que também foi adquirida por meio de prova.

Graziely Juane orgulha os pais. Fotos: Rodrigo Índio/SN

Rendimento excepcional de 95%, gabaritando seis das nove disciplinas

Para os concursos da PM e CBM, Graziely conta que não fez cursinho presencial e estudava somente em casa, com livros ou de forma online, conciliando tudo com os outros afazeres.

Sua prioridade entre os dois certames foi o concurso da PM, para o qual iniciou a preparação em fevereiro. A jovem se inspirou em seu pai, que foi do Bope, Gabinete de Segurança Institucional (GSI), antigo BRPM [hoje Força Tática], Alap e está em processo de reforma após sofrer um acidente no trabalho.

Graziely Juane está no 7º Semestre do Curso de Direito da Unifap

“Além de me inspirar, meu pai me incentivou. Queria dar esse orgulho para ele e fazer parte dessa honrosa instituição. Todos os que passaram na 1ª fase do certame têm seus méritos, claro, que ainda temos fases a seguir, mas não foi fácil para ninguém chegar até aqui, então, já somos vitoriosos. Espero que nossas histórias inspirem outras pessoas”, comentou Graziely.

O pai, William Souza, de 42 anos, trabalhava como auxiliar de pedreiro e fazendo bicos quando passou no concurso da PM, nos anos 2000. Dentre tantas histórias durante a trajetória da filha, lembra de algo que lhe marcou.

O pai, William Souza, trabalhava como auxiliar de pedreiro quando passou no concurso da PM, nos anos 2000

“Um dia ela me disse: pai preciso que me dê uma ajuda. Pensei que era roupa, queria ir ao shopping, algo assim, mas não, ela me pediu um livro. Aquilo tocou meu coração e prontamente comprei. Pra mim, é gratificante ver que ela me vê como exemplo e está seguindo seu futuro de forma digna”, orgulhou-se.

Graziely fala com orgulho que sua vida educacional foi nas escolas públicas Maria Oneide Pinto Lima, Lucimar Amoras Del Castillo, José de Anchieta, Antônio João e Tiradentes. A mãe, a professora Vanessa Ataíde de Souza, 40 anos, exalta isso.

Estudante conta com apoio total da mãe na dedicação

“Sempre incentivei ela a ser dedicada nos estudos. Tenho muito orgulho da minha filha ter conseguido a 1ª colocação, ter vindo de escolas públicas e seguir focada. Nossa família já passou por inúmeras dificuldades, mas o ensino sempre foi prioridade. E agora somos felizes por ela”, disse.

A jovem já havia participado do concurso da Assembleia Legislativa e do Hospital Universitário, onde ficou em cadastro reserva em um e aprovada no outro, respectivamente. Ela motiva quem ainda não conseguiu.

Graziely : “Aos que não passaram, não desistam. Acreditem em si e corram atrás de seus sonhos”

“Aos que não passaram, que não desistam. Pois, vale a pena estudar, e se dedicar, principalmente em nossa sociedade onde a educação é desvalorizada, não pelos professores que fazem de tudo por um ensino de qualidade, mas pelos governantes de forma estrutural. Que as pessoas vejam a educação como meio de almejar o sucesso e ajudar a família e, acima de tudo, acreditem em si e corram atrás de seus sonhos”, concluiu.

Agora a jovem segue sua preparação para o Exame de Avaliação de Condicionamento Físico – conhecido como Teste de Aptidão Física (TAF).

Seles Nafes
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