“Desafio acalmar o filho”, diz mãe em área invadida por esgoto de habitacional

Obra parada não permite vazão de água para canal. Acúmulo causa mau cheiro, presença o dia inteiro de mosquitos e acúmulo de larvas
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Por LEONARDO MELO

Carapanã, odor e muita sujeira. Esse é o cenário diário para quem vive na Passarela Guaranis, localizada no bairro do Muca, na zona sul de Macapá. Os moradores dizem que a situação nem sempre foi assim, mas piorou nos últimos meses devido ao derramamento do esgoto sem tratamento do Habitacional São José na área de ressaca onde fica a passarela.

A situação acontece em um córrego que recebe esgoto do habitacional. A água suja deveria atravessar por baixo a Avenida Timbiras, por meio de manilhas, mas uma obra iniciada no ano passado está parada e não permite a vazão da água que deveria desemborcar no Canal do Beirol. Sem esta vazão, a água fica acumulada na área de ressaca da Travessa Guaranis e provoca o mau cheiro e acúmulo de larvas de mosquitos.

Larvas se acumulam após obstrução de passagem de água para o canal

 

Moradores se preocupam com chegada da época de chuvas

“Ninguém consegue ficar na sala. A gente usa, às vezes, uma caixinha de incenso (como inseticida) e não adianta. O único lugar que a gente consegue ficar é no meu quarto, que é forrado. Antes, não era assim. Essa água não era tão suja. De um ano pra cá, que essa água do São José começou acumular, que ficou assim”, reclamou Miriam dos Santos Barbosa, de 28 anos (capa da matéria).

A moradora disse que o maior desafio é acalmar o filho, de 2 anos, que é portador do espectro autista. Miriam disse ainda que a criança fica nervosa por causa dos carapanãs.

O aposentado João Pantaleão, de 75 anos, mora no local há 14 anos. Ele disse que a luta com os carapanãs dura o dia inteiro.

“Cheiro podre. Quando vier a chuva, vai piorar. A água vai subir e se não ajeitarem a anilha lá, a água vai entrar em casa”, reclamou o idoso.

João Pantaleão: cheiro podre

Mateus Silva de 24 anos, decidiu ajudar a comunidade e denunciar o crime ambiental para o Ministério Público. O jovem disse que esgotou as tentativas de fazer a obra ser retomada na Avenida Timbiras e que até então não teve um posicionamento positivo por parte do poder público.

“Isso tem abalado a situação da gente. A nossa preocupação maior é com a chegada do inverno. Quando chove alaga muito porque não tem para onde correr. A prefeitura começou o asfaltamento da Timbiras e prometeram que no inverno iam fazer a troca das manilhas no verão. A gente tá no verão e ainda não voltaram pra terminar. Eles estão cientes que as manilhas estão arriadas. Não sei o que está impedindo de fazer o trabalho”, disse o morador.

Mateus Silva: denúncia de crime ambiental no MP

Questionada sobre o problema, a Prefeitura de Macapá ficou de se posicionar sobre a situação no Muca mas até o fechamento desta matéria não obtivemos resposta.

Seles Nafes
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