Por ANDRÉ ZUMBI
Na última quarta-feira (1º), há exatos três anos, partia do Porto de Santana com destino a Santarém (PA) o navio Anna Karoline III. O naufrágio que se seguiu matou 42 pessoas. Em fevereiro deste ano, o comandante da embarcação, o proprietário do navio e a União já foram condenados a pagar uma indenização à viúva de uma das vítimas. No entanto, apenas 16 parentes do total de 42 vítimas deram entrada em processos na justiça, dos quais dez tramitam em Macapá e seis no município de Santarém, no Pará.
No decorrer do processo de investigação, o inquérito realizado pela 2ª DP de Santana constatou que a embarcação estava com sobrecarga e não teria autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para fazer aquele trajeto.
O inquérito apontou ainda que das 100 toneladas permitidas na embarcação, 89 deveriam ir no porão e 11 no convés. A embarcação estava transportando 175 toneladas, 75% além do permitido.
O advogado Paulo Campbel representa Max Jhones, que perdeu filha, neta e o genro no acidente. Segundo ele, o processo onde já houve a sentença favorável a uma viúva foi julgado pela justiça de Santarém. Nele, a empresa Aragão Rocha Navegação, o comandante Paulo Márcio e a Marinha do Brasil foram condenados a pagar R$ 200 mil por danos morais.
“A gente acredita que o mesmo vai acontecer aos demais processos que tramitam lá em Santarém, e, aos demais que tramitam aqui por Macapá. Acreditamos que até meados do ano todos os processos já tenham sentença”, prevê o advogado.
Festa de aniversário
Max Jhones perdeu a filha Sâmela Thayla Alves o genro Helton Cardoso de Brito, além da neta Maria Luiza e duas primas dela. Eles estavam num grupo de 19 pessoas que ia para a festa de aniversário em Santarém. Apenas 4 pessoas do grupo sobreviveram.
“A dor da perda ainda é muito presente. É duro. Já tivemos o que chorar e desesperar. A situação da indenização nunca vai trazer eles de volta, mas nós não vamos deixar eles em paz. Eles vão ter que pagar o que fizeram”, desabafou Max.
O músico Maycon Mendes, de 40 anos, era pai de Eduardo Mendes, de 8 anos, que estava viajando com a mãe Valdilena Brito e o padrasto Dãovino Brito. O corpo da criança só foi encontrado dias depois do naufrágio. Para Maycon, a dor nunca vai sumir.
“Não tem como sumir. Essa dor é eterna. Todos os dias lembro do meu filho. Isso é muito triste”, disse em tom de muita emoção o músico.
Os corpos foram resgatados com ajuda do Governo do Amapá, que também bancou os custos para içar o navio. O estado agora cobra ressarcimento da empresa na Justiça.